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Estado tem 2 cidades entre as mais violentas do Brasil, diz Fórum Brasileiro de Segurança

Cabo e São Lourenço, no Grande Recife, aparecem entre os seis municípios com mais mortes violentas intencionais do Brasil, de acordo com documento divulgado nesta quinta (24)

Por Nicole Gomes

Cena de crime no Grande Recife foi isolada pela polícia

Duas cidades pernambucanas estão entre os seis municípios com mais mortes violentas intencionais (MVI) registradas em 2024.

Os dados são do Anuário de Segurança Pública 2025, divulgados na manhã desta quinta (24).

Segundo o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Cabo de Santo Agostinho e São Lourenço da Mata, no Grande Recife, ocupam, respectivamente, a 5ª e a 6ª posição nacional no índice MVI.

No ranking das 10 mais violentas do país, cinco  estão na Bahia e três no Ceará. 

O levantamento mostra que o Cabo de Santo Agostinho teve aumento de 16,1% no número de vítimas de mortes violentas.

O número chegou a 159 mortos em 2024. Com taxa de 73,3 mortes por 100 mil habitantes, a cidade sofre com a atuação de facções atuantes no narcotráfico e é disputada há anos pelo Comando Litoral5 (antigamente chamada de Trem Bala).

Em sexto lugar, também na Grande Recife, está o município de São Lourenço da Mata, conforme o anuário.

O número de mortes violentas intencionais cresceu 24,6% no último ano, chegando a 86 vítimas. A cidade tem figurado em reportagens de imprensa como local de disputas pelo controle do tráfico de drogas, segundo o anuário.

O Diario procurou as prefeituras das duas cidades para repercutir os números.

O que dizem as prefeituras


Por meio de nota, o prefeito do Cabo, Lula Cabral, disse que os dados do Anuário Brasileiro da Segurança Pública, que apontam o município na 5ª posição nacional em Mortes Violentas Intencionais (MVI) em 2024, “confirmam a gravidade da situação”.


"No ano passado, foram registradas 159 mortes violentas no Cabo, representando uma alta de 16,1% em relação a 2023. Em seis meses, já são 85 casos, mais da metade das mortes ocorridas no ano de 2024. No entanto, o nosso pedido de ajuda ao Governo Estadual foi negado, alegando que os dados oficiais apontam redução da criminalidade. ", declarou.

 Ainda segundo o prefeito, para que o Cabo saia do mapa da violência, é preciso ampliar o efetivo policial do 18º Batalhão, que hoje é insuficiente para combater a criminalidade em nossa cidade.

São Lourenço da Mata disse que “não se pronunciaria”.

Polêmicas


As duas cidades foram alvo de polêmica, este ano, por causa de cobranças de medidas para melhorar a segurança pública.


No Cabo, o prefeito Lula Cabral solicitou oficialmente ao governo que convocasse a Força Nacional de Segurança.

No fim de junho, ele se reuniu com a governadora Raquel Lyra e declarou: “Nossa gente virou refém da falta de policiamento e políticas públicas”.

Ele citou o aumento de 21,4% no total de homicídios no mês de maio no Cabo, em relação ao mesmo mês de 2024, que passou de 14 para 17.

Após a reunião, a governadora afirmou que não acataria pedido do prefeito. Segundo ela, “as polícias de Pernambuco estão capacitadas para fazer esse enfrentamento e afirmou que os números da violência estão sendo reduzidos a cada mês” .

Mais adiante, Raquel foi clara: “Não vamos encaminhar o pedido de Força Nacional”. Questionada se Lula Cabral tomou a iniciativa no momento errado ou agiu de forma política, a governadora disse “que essas perguntas devem ser feitas a ele”.
A governadora enfatizou, ainda. “Estamos seguros do caminho que temos traçado e da estratégia que está gerando resultados”.

Em São Lourenço da Mata, a polêmica girou em torno da possível mudança do local do batalhão da Polícia Militar.
Também em junho, foi anunciada a mudança da estrutura para Camaragibe, município vizinho.
Diante da repercussão negativa, no entanto, o governo afirmou que manteria a unidade da PM em São Lourenço.
Logo depois, o estado anunciou a criação de mais batalhões, mas não incluiu o Cabo na lista, mesmo com os pedidos da população.

Rankings dos dez municípios com maiores taxas de Mortes Violentas Intencionais (cidades com população igual ou superior a 100 mil habitantes) 2024

Maranguape (CE)
Jequié (BA)
Juazeiro (BA)
Camaçari (BA)
Cabo de Santo Agostinho (PE)
São Lourenço da Mata ( PE)
Simões Filho (BA)
Caucaia (CE)
Maracanaú (CE)
Feira de Santana (BA)

O que diz a SDS

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco informa que, embora o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponte Pernambuco como o 4º estado mais violento do País em 2024, os dados atuais de 2025 apresentam consistentes reduções.

Pernambuco vem registrando, até o momento, 14 meses consecutivos de queda nas Mortes Violentas Intencionais (MVIs). No primeiro semestre de 2025, a redução foi de 11% em relação ao mesmo período do ano anterior — o segundo menor índice de homicídios da série histórica para esse intervalo. Importante ressaltar que esses dados ainda não estão refletidos no Anuário divulgado, que considera o recorte de 2024.

Reconhecemos, com firmeza e responsabilidade, os desafios que ainda persistem. No entanto, os avanços já conquistados apontam que estamos no caminho certo, adotando ações concretas para devolver à população o direito de viver com mais segurança.

Se observarmos o cenário em que Pernambuco se encontrava, esses resultados são ainda mais relevantes. Foram anos sem investimento adequado, com o menor efetivo policial da história, equipamentos defasados e ausência de um plano estratégico.

Em 2023, esse cenário começou a mudar com o lançamento do Juntos Pela Segurança (JPS), o maior programa de segurança pública da história de Pernambuco. Com metas claras, monitoramento rigoroso e investimentos reais, o JPS está promovendo uma reestruturação profunda e planejada no sistema de segurança.

Entre as principais ações:

* Recomposição do efetivo: 2.400 novos policiais militares estarão nas ruas a partir do próximo mês de agosto. Até 2026, 7 mil novos profissionais reforçarão as forças de segurança;

* Renovação de frota: 100% da frota locada foi substituída, além da aquisição de novos veículos para as operativas;

* Investimentos em equipamentos: Mais de R$ 53 milhões investidos em coletes, armas, munições e instrumentos de menor potencial ofensivo;

* Infraestrutura: Anunciadas as construções de cinco Complexos da Polícia Científica, oito unidades do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco e cinco novos batalhões da Polícia Militar, após mais de três décadas sem construções de novos prédios para a PMPE.

O Juntos Pela Segurança marca uma virada de página na política de segurança do Estado, priorizando a integração entre as forças, a inteligência policial e a preservação de vidas. As reduções consecutivas da violência em Pernambuco demonstram a capacidade de trabalho das nossas polícias e o compromisso da gestão com uma política de segurança tratada como prioridade de Estado — e não apenas de governo. Com responsabilidade, planejamento e ações sérias, os resultados já estão surgindo e continuarão se consolidando de forma consistente e duradoura.