Estado abre 2 mil vagas por ano para acolhimento de pessoas com dependência química
O objetivo do programa é oferecer acolhimento humanizado, com base em ações intersetoriais de saúde, assistência social e políticas sobre drogas
O governo de Pernambuco lançou nesta quarta-feira (26) o Programa Nova História, uma iniciativa voltada para pessoas em situação de rua com histórico de uso abusivo de álcool e drogas, em parceria com comunidades terapêuticas do estado. Com um investimento de $ 3,6 milhões, o programa foi formalizado por meio de edital público e prevê a abertura de 200 vagas imediatas, com estimativa de alcançar 2 mil acolhimentos por ano.
O objetivo do programa é oferecer vagas para essa parcela da população, com base em ações intersetoriais de saúde, assistência social e políticas sobre drogas. A implementação ocorrerá em conjunto com organizações da sociedade civil, sobretudo comunidades terapêuticas habilitadas, que passam agora a integrar de forma regulamentada a política pública estadual. O custo de cada internamento foi estabelecido em R$ 1,5 mil por mês.
Segundo o governo, as instituições selecionadas estão em oito municípios de diferentes regiões de Pernambuco. Todas passaram por análise documental, verificação da regularidade jurídica e visita técnica realizada pela Secretaria de Assistência Social e Política sobre Drogas (SAS). O internamento das pessoas só poderá ser feito de forma voluntária.
O secretário de Assistência Social, Combate à Fome e Políticas sobre Drogas, Carlos Braga, ressaltou que esta é a primeira política estadual com cofinanciamento direto voltado à população em situação de rua. “Nunca houve cofinanciamento para pessoas em situação de rua em Pernambuco, até agora. Esse edital é resultado de estudos detalhados feitos por nossa equipe, buscando os melhores modelos aplicados no Brasil”, afirmou.
Entre os beneficiários da política pública está Nivaldo Alves, que compartilhou sua experiência durante o evento. Ele relatou ter vivido em situação de rua e ter sido usuário de crack por anos. “Durante muitos anos, sofri com o uso abusivo de substâncias. Mas fui acolhido por uma comunidade terapêutica, onde recebi abrigo e respeito. Hoje, com dignidade, tenho minha vida reconstruída”, contou.
A Frente Popular Ampla em Defesa das Comunidades Terapêuticas, representada por Mauro Barros, também participou do evento. Mauro, ex-usuário de drogas e psicólogo, destacou que o programa Nova História representa "o acesso ao acolhimento e ao cuidado para famílias que não têm como custear esse tipo de serviço. Isso exige sensibilidade e vontade política”, disse.
Segundo o governo estadual, além do acolhimento em comunidades terapêuticas, o Nova História prevê acompanhamento técnico e articulação com políticas complementares, como acesso à documentação, benefícios sociais e encaminhamentos à rede de saúde e trabalho.
A governadora Raquel Lyra afirmou que o programa foi estruturado para atender uma população frequentemente invisibilizada pelas políticas públicas. “Estamos acolhendo pessoas que foram historicamente marginalizadas, garantindo uma política pública contínua, com base legal, técnica e com financiamento público”, pontuou. Segundo a governadora, essa política busca atender não apenas os grandes centros urbanos, mas também comunidades do interior do estado.