Dentistas são indiciados por exercício irregular da profissão no Recife
A clíncia fica localizada no Centro do Recife e dois profissionais foram indiciados
Uma clínica odontológica no Recife foi alvo de denúncias por parte de pacientes que realizaram procedimentos estéticos no local. O caso veio a público recentemente e duas pacientes conversaram com a equipe de reportagem do Diario de Pernambuco.
Dois dentistas que atuam na clínica foram indiciados pela Polícia Civil por exercício irregular da profissão. Os profissionais foram alvo de diversas denúncias e uma delas partiu da instrutora de pilates Kalina Galindo, de 48 anos. Ela conta que buscou a clínica para fazer uma cervicoplastia (procedimento cirúrgico que visa melhorar a aparência do pescoço, eliminando a papada, a flacidez e as rugas), mas teve complicações.
“O erro houve não só comigo e existem várias denúncias na delegacia, vários processos em andamento, várias vítimas desse mesmo casal. Então, assim, o que a gente está realmente querendo é pressionar o Conselho Regional de Odontologia, estamos indo para o Conselho Federal de Odontologia porque esse casal em específico não tem especialização em harmonização facial”, destaca Kalina, que buscou os dentistas em junho de 2024.
A instrutora destacou que encontrou a clínica através das redes sociais e que confiou no que era mostrado pelos dentistas.
“Na minha ignorância e na minha inocência eu fui acreditando que qualquer cirurgião odontológico poderia fazer esses tipos de procedimentos. E também eu não sabia que ele iria fazer um lifting facial em mim. Eu fui achando que seria uma lipo de papada mecânica, que dá um cortezinho embaixo do queixo e faz a lipo. Mas mesmo assim ele não poderia ter feito porque não tem especialidade. Eu fui realmente na inocência, acreditando naquele encanto e fui fazer o procedimento. Somente depois eu fiz essa pesquisa e vi que eles não tinham nenhuma especialização”, relata.
Kalina conta que após o procedimento sofreu com sensação de enforcamento e que ainda faz fisioterapia para recuperar os movimentos. Ela conta que procurou as autoridades policiais pouco tempo depois do lifting facial, intervenção que o dentista não estaria apto a fazer.Uma outra cirurgia está marcada com um cirurgião plástico para corrigir o problema.
Além dela, a advogada Raphaela Neiva, de 40 anos, procurou a clínica para retirar a flacidez da “papada” e foi convencida pelos dentistas a fazer a intervenção.
“Eles não aferiram minha pressão, não pediram nenhum exame, não pediram nada. Só perguntaram se eu tinha alergia a alguma coisa e eu preenchi um formulário básico. Me deram uma medicação, eu sentei na cadeira e apaguei”, conta Raphaela, que sofreu com inchaços e sangramentos após o procedimento.
A advogada ainda relatou que tentou entrar em contato com o consultório diversas vezes após acordar com o sangramento. O retorno só veio dias depois através de mensagem por meio de uma secretária, o que não tranquilizou a paciente.
Ao entrar em contato com um cirurgião plástico, a advogada entendeu a gravidade da situação. Segundo ele, uma artéria teria sido furtada na intervenção e os dentistas não souberam como solucionar o problema de forma correta. Raphaela acumulou edemas por diferentes partes do corpo.
O Conselho Regional de Odontologia informou que “os processos ético-disciplinares tramitam sob sigilo, conforme as Resoluções CFO nº 118/2012 e nº 59/2004, assegurando os direitos das partes envolvidas”.
“Nos casos em que a atuação profissional possa representar risco à saúde ou à integridade física dos pacientes, poderá ser aplicada a suspensão cautelar do exercício profissional, conforme previsto na Resolução CFO nº 237/2021. Todas as medidas adotadas observam os princípios legais e éticos que regem a atuação da Autarquia”, frisou o CRO.