A chuva parou, mas o drama dos moradores da Muribeca continua
Givanise construiu um 1º andar na sua casa para fugir dos alagamentos. Já seus vizinhos do Loteamento Sapolândia, uma das áreas mais atingidas pelas chuvas em Jaboatão, foram retirados pela defesa civil
Apesar do dia de sol e das águas das áreas alagadas estarem baixando, nesta quinta-feira (22), os moradores do bairro de Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), ainda sofrem com as consequências dos alagamentos.
Boa parte dos moradores do Loteamento Brasil Novo, conhecido como Sapolândia, ainda estão em abrigos por conta dos alagamentos. Alguns moradores, que não quiseram sair de suas casas, se arriscam atravessando as águas que ainda ocupam as ruas da localidade.
A única entrada para o Loteamento, segundo os moradores do entorno, é pela “Rua da Acerola” que segue alagada e traz transtornos para os moradores da localidade, como a aposentada Givanise Vieira, de 67 anos, que convive com essa realidade desde 1993.
“Eu moro aqui desde 93 e sempre passei por isso. Eu morava nessa casa debaixo, mas por causa da chuva a gente construiu em cima. Minha nora morou aqui em baixo também, mas está morando comigo, pois não tem condição de pagar aluguel,” enfatizou a moradora que ainda reside com mais dois filhos e o marido.
O térreo da sua casa, que foi desocupada por ela em 2018, ainda está alagado por conta das chuvas, que na Muribeca atingiram a marca de 122,96 mm nas últimas 48h, segundo a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac).
Ela conta que antes de se mudar para a parte de cima de sua residência, a rotina de colocar os móveis em cima de tijolos e de ficar acordada em dias de chuvas, era comum na sua família.
“A gente botava tudo em cima de tijolos, cobria tudo com plástico e passava a noite acordada esperando a água secar. Já perdi guarda-roupa, sofá, televisão, colchão, tudo. Já perdi um bocado de coisa,” relembra Givanise Vieira.
Os moradores da localidade reclamam bastante por sempre passarem por essa realidade durante o período chuvoso. Segundo eles, já foram feitos até abaixo-assinados para cobrar maiores ações da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes na região.
“Todo mundo aqui nesse bairro sofre com essa questão. A prefeitura fala que vai calça, asfaltar aqui, mas a única ajuda que eles fazem é tirar o pessoal daqui e levar para um abrigo. O povo fica ligando desesperado para a Defesa Civil, e eles vêm e levam o pessoal para o abrigo, reclamou Givanise Vieira.
Em nota, a Defesa Civil de Jaboatão dos Guararapes comunicou que encaminhou 80 pessoas que moram no Loteamento Brasil Novo a um abrigo municipal, em Cajueiro Seco. "Elas estão recebendo alimentação, dormitório, banho e atividades recreativas para as crianças", diz a nota.