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Símbolo da passagem do Zeppelin, há 95 anos, está em mau estado

A Torre de Atracação no Parque do Jiquiá, a única no mundo ainda de pé, apresenta bastante oxidação e está sendo tomada pela vegetação. Prefeitura do Recife alega que concluiu processo licitatório para contratação de empresa para realizar sua requalificação

Por Carlos Lopes

TORRE DE ATRACAÇÃO DO ZEPPELING

No dia 22 de maio de 1930, o LZ-127 Graf Zeppelin chegava pela primeira vez ao Recife. Era o primeiro desembarque de um dirigível na América Latina. O símbolo desta época, em que a capital pernambucana era a terceira metrópole do país, é a Torre de Atracação do Zeppelin, localizada no Parque do Jiquiá, na zona oeste da cidade. Ela é a única no mundo que ainda está de pé e, desde 1983, passou a ser patrimônio tombado pelo Conselho Estadual de Cultura.

A reportagem do Diario de Pernambuco foi até o Parque do Jiquiá para conferir como está a “idosa” de 95 anos, com tanta história para contar. Mas não a encontrou em bom estado. A sua estrutura apresenta bastante oxidação, com vegetação se espalhando pelas treliças superiores e por toda base.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura do Recife informou em nota oficial que “concluiu o processo licitatório para a contratação da empresa que ficará responsável pela elaboração do projeto executivo de requalificação do Parque do Jiquiá”.

De acordo com a PCR, a proposta do novo projeto “passará por escuta para que a população contribua com sugestões. Os serviços incluem a requalificação da Torre do Zepelin e dos paióis da Marinha, datados da Segunda Guerra Mundial. A expectativa é que o projeto fique pronto no próximo ano”.

Saiba um pouco mais sobre a história da Torre de Atracação e a passagem do Zeppelin pelo Recife em 1930.

A Torre

A torre de atracação foi construída em 1930, com recursos do governo do estado e da prefeitura do Recife, que na época era a terceira maior metrópole do país, e tornou-se a primeira estação aeronáutica de dirigíveis da América Latina. O local escolhido foi o antigo campo do Jiquiá, onde aconteciam jogos dos campeonatos suburbanos do Recife.

A torre de ferro e os tubos de gás foram importados da Alemanha. Inicialmente, ela tinha 16,5 metros de altura. Mas, em 1936, precisou ser trocada por uma de 19 metros, a fim de passar a receber o dirigível LZ-129 Hindenburg, que pesava mais de duas toneladas.

A chegada do Zeppelin

O LZ-127 Graf Zeppelin chegou no campo do Jiquiá perto das 18h do dia 22 de maio. O evento mobilizou o Recife. Uma arquibancada foi montada e ingressos cobrados para quem quisesse ver o dirigível.

Quem pagasse 5 mil réis poderia observar o dirigível a uma certa distância. O ingresso de 10 mil réis garantia o direito de se aproximar da aeronave de bem de perto. As visitas internas eram limitadas e dependiam de convite do comandante.

O Graf Zeppelin permaneceu no Recife até a madrugada do dia 24, quando seguiu rumo ao Rio de Janeiro. A primeira parada na capital federal durou pouco tempo, o necessário para abastecimento, e uma nova partida para sobrevoar São Paulo e Santos, retornando ao Recife.

No dia 26, ele deixou a capital pernambucana com destino aos Estados Unidos.

A partir do sucesso atingido com a primeira viagem, foi criada uma linha regular entre Friedrichshafen, na Alemanha, e o Recife até 1937. A capital pernambucana passava a ser parada obrigatória para diversos destinos do Zeppelin na América Latina.

Como surgiu

Criado pelo conde Ferdinand Von Zeppelin, o balão gigante com o motorpropulsor gerou fascínio no mundo nos primeiros anos do século 20. Mas, como outras grandes invenções, foi usado inicialmente para uso bélico.

Durante a Primeira Guerra Mundial, Alemanha bombardeava os inimigos com os seus zeppelins. Após a derrota na guerra, os alemães ficaram proibidos de construir novos dirigíveis.

Somente a partir de 1926, o país retomou a produção, desta vez com o desenvolvimento do Graf Zepelin, destinado exclusivamente para voos comerciais.

O fim

A partir de 1933, com Adolf Hitler no poder da Alemanha, o Graf Zeppelin passou a ser usado para propaganda nazista, carregando em sua calda uma suástica. O LZ-129 Hindenburg foi criado, três anos depois, com este propósito.

Em 1937, em uma tentativa de pouso em Nova Jersey, nos Estados Unidos, o Hindenburg pegou fogo. O acidente pôs fim à era dos zeppelins.