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Ponto Cidadão: como projeto muda vidas com qualificação e inclusão

Voltado para jovens entre 16 e 24 anos, o Ponto Cidadão atua como uma ponte entre o aprendizado e as oportunidades profissionais

Por Larissa Aguiar

Projeto Social Ponto Cidadão

Num cenário em que a juventude em situação de vulnerabilidade social frequentemente enfrenta a exclusão do mercado de trabalho, o projeto Ponto Cidadão, sediado em Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, mostra que é possível reverter essa realidade com educação e compromisso. Em 2024, a iniciativa formou 93 jovens nos programas Passagem para o Futuro e Construindo o Futuro, com destaque: mais de 80% desses participantes já estão inseridos no mercado formal de trabalho.


Voltado para jovens entre 16 e 24 anos, o Ponto Cidadão atua como uma ponte entre o aprendizado e as oportunidades profissionais. Os cursos oferecidos focam em áreas administrativas, comportamentais e, mais recentemente, em desenho, programação web e inglês — um leque ampliado no último ano para acompanhar as demandas de um mundo em constante transformação.


Para Roberta Cavalcanti, coordenadora do projeto, a chave do sucesso está na seriedade com que o Ponto Cidadão trata a formação dos jovens. “É um ambiente que simula o mercado real, com regras, avaliações comportamentais e acompanhamento individualizado. Isso nos permite detectar desafios e potencializar talentos, o que atrai cada vez mais empresas parceiras”, afirma.

O foco no setor administrativo continua sendo o carro-chefe da formação, especialmente no curso do programa Passagem para o Futuro, com duração de 11 meses e uma grade extensa: reforço em português e matemática, informática, ética, cidadania, ciências sociais e rotinas administrativas são apenas alguns dos temas abordados. “Esse curso nos surpreende ano após ano pelos resultados e pelas histórias emocionantes de superação”, revela Roberta.


O impacto do projeto vai além das salas de aula. Em 2024, os alunos participaram de eventos como a Semana de Tecnologia da Escola Técnica Estadual Jurandir Bezerra, o EcoMinds (voltado à inovação e sustentabilidade) e até da Campus Party, por meio de uma parceria com o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). “Foi um ano de expansão. Em 2025, queremos consolidar a inovação como pilar central, e já temos jovens trabalhando na criação de uma startup após o Bootcamp de Inovação, promovido pelo grupo Capyvara Company”, destaca a coordenadora.


A criatividade e o protagonismo juvenil também foram estimulados pelo projeto IdeAção, uma proposta que coloca alunos e professores na missão de resolver desafios reais com ideias inovadoras. Diante do sucesso, a iniciativa foi renovada para 2025.


Um dos pilares do Ponto Cidadão é o empreendedorismo. Para os jovens aprendizes, o projeto oferece uma disciplina dedicada ao tema, com aulas práticas e eventos como o Café Jovem Empreendedor e a Feira de Empreendedorismo, onde os alunos criam empresas fictícias e simulam atividades comerciais. No entanto, a falta de patrocínio ainda limita o alcance dessas ações.

A sustentabilidade financeira do projeto, gerido com o apoio da TGI Consultoria em Gestão, Instituto da Gestão (INTG) e ÁgilisRH, depende de uma rede de 20 empresas voluntárias e do envolvimento direto de pessoas físicas. “Manter esse vínculo ativo é essencial. Enviamos um informativo mensal aos parceiros, mostrando nossos resultados e desafios, para que se sintam parte do processo”, explica Roberta.


Entre os principais obstáculos para a continuidade do projeto está a captação de novos apoiadores. “Vivemos tempos difíceis, e muitas pessoas desacreditam do impacto social. Mas é isso que queremos provar: que é possível, sim, transformar vidas com seriedade e transparência”, reforça a coordenadora.


Para 2025, o Ponto Cidadão já prepara novos passos. Entre eles, uma parceria com um jornal local permitirá que alunos contribuam com uma coluna própria — uma oportunidade de expressão e visibilidade. E, apesar das dificuldades, há planos para expandir a iniciativa para outros municípios da Região Metropolitana do Recife e até para o interior, caso surjam investidores dispostos a apoiar essa caminhada.