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Ordem de execução de ex-PM Júnior Black partiu de dentro de presídio

O ex-PM Júnior Black foi morto a tiros em 17 de julho de 2023, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, em retaliação pelo envolvimento em um duplo homicídio quatro dias antes em Parnamirim, no Sertão do Estado

Por Nicolle Gomes

Reprodução/Redes sociais
Ex-PM Júnior Black

Quase dois anos após a morte do ex-policial militar Heleno José do Nascimento, conhecido como Júnior Black, a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) divulgou, nesta quarta-feira (14), novas elucidações sobre o caso.


Partiu, de dentro do Presídio de Igarassu, no Grande Recife, a ordem de execução de Black. A atitude foi um movimento de retaliação pela participação do ex-PM em um duplo homicídio no dia 13 de julho de 2023, em Parnamirim, no Sertão. Quatro dias depois, ele foi morto com tiros de fuzil em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, saindo de um restaurante.


As informações foram repassadas pela Polícia Civil em entrevista coletiva realizada na sede da corporação, na região central do Recife.


"A gente obteve um avanço muito grande nas investigações, principalmente após a conclusão das investigações que versavam sobre homicídio em Parnamirim, identificamos que a ordem da execução em relação a Boa Viagem teria partido do líder da organização criminosa que era ligado e braço direito a quem foi morto no município de Parnamirim”, disse Jorge Pinto, subchefe do Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil de Pernambuco (GOE-PCPE).


Segundo ele, a ordem de execução partiu de celulares clandestinos dentro do presídio. “O principal líder que a gente considera o mandante do crime se encontra preso hoje no município de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, em presídio de segurança máxima", completou.


Vingança


O crime que vitimou Júnior foi uma resposta ao envolvimento do ex-PM com o duplo homicídio no Sertão, que, por sua vez, foi consequência de uma disputa pela prática de roubos de carga na região. A Polícia Civil concluiu que Black era ligado a um grupo suspeito de praticar roubos de carga e homicídios.


De acordo com os policiais, integrantes e ex-membros das forças de segurança de Pernambuco e da Paraíba tiveram participação no crime, que também deixou uma mulher morta, vítima de bala perdida, em 2023. Na ocasião, foi montada uma falsa blitz para o plano de execução.


Operação


Responsável pelas investigações do caso, o Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil de Pernambuco (GOE-PCPE), realizou, nesta terça (13), o cumprimento de quatro mandados de prisão e nove de busca e apreensão. Foram apreendidos um fuzil, pistolas, espingarda e munições.


A ação, denominada “Operação Vendeta”, foi realizada em Pernambuco e em Mato Grosso do Sul. Um suspeito continua foragido.


"Nós temos aí envolvidos diretamente com organização criminosa, infelizmente também ex-integrantes das forças de segurança, quer do estado de Pernambuco ou mesmo do estado vizinho da Paraíba", disse o delegado Jorge.


Um dos alvos de mandado de prisão é excluído da Polícia Militar da Paraíba, mas continuava se passando por policial ativo, com fardas falsificadas.


“Um mandado de busca que a gente cumpriu desfavor de um ex-policial, ex-integrante da força de segurança que chegou a ser excluído justamente pelo envolvimento pré-teto com a criminalidade. Havia inclusive uma cópia de um documento falso que era utilizado para praticar outros crimes. Então ele se passava como se policial da ativa fosse para conseguir os seus objetivos ilícitos no mundo do crime”, acrescentou o subchefe do GOE.


De acordo com os agentes, quatro homens foram encaminhados à sede do Grupo de Operações Especiais (GOE), no Cordeiro, Zona Oeste do Recife, para onde foram levados os materiais apreendidos.


Os mandados foram expedidos pelo Juízo da 2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital e cumpridos no Recife, Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca e Caetés, Campo Grande (MS)


As investigações foram iniciadas em julho de 2023, e segundo a polícia, além de homicídios, a organização criminosa é responsável por vários crimes, como porte ilegal de arma de fogo.


No total, 70 agentes estavam envolvidos na operação, que contou com apoio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO) e do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco (CBMPE).