Socorro Pimentel: "Antecipação eleitoral está pesando na Alepe"
Líder do Governo na Assembleia Legislativa falou com o Diario de Pernambuco sobre a relação da Casa com a governadora Raquel Lyra
Depois de um 2024 marcado por tranquilidade para o Executivo na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o ano pré-eleitoral aqueceu os ânimos entre os deputados estaduais e a governadora Raquel Lyra (PSD). Os poderes vivem um embate desde janeiro em torno do não pagamento das emendas parlamentares, e há mais de 90 dias enfrenta um impasse para pautar o empréstimo de R$ 1.5 bilhão enviado pelo Executivo.
Em entrevista ao Diario de Pernambuco, a líder do Governo na Assembleia, Socorro Pimentel (União Brasil), comentou a deterioração da relação entre Executivo e Legislativo, e analisou os sucessivos embates, defendendo a gestão de Raquel Lyra e criticando a “antecipação das eleições de 2026” na Casa.
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A relação da governadora com a Alepe no ano passado vinha sendo bastante vantajosa para o Palácio. Ela aprovou tudo o que enviou, e ter as principais comissões deixou a oposição tendo que votar a favor de projetos de forma relutante. Esse ano, essa relação mudou por completo. Na sua visão, o que provocou isso?
Socorro Pimentel: A oposição relata que foi a questão do não pagamento das emendas parlamentares. Do nosso ponto de vista, foi antecipação eleitoral. A disputa de 2026 está pesando muito aqui na Casa.
Seria possível “unir” Raquel Lyra e Alepe?
Pimentel: Minha esperança é que isso aconteça. Estou fazendo todos os esforços possíveis para construir esse diálogo, fortalecer essa relação para que os poderes sejam convergentes, embora autônomos, para fazer as ações do Governo chegarem à população que mais precisa.
O primeiro grande racha da Casa com a governadora foi o não pagamento das emendas. Como isso tem sido lidado entre Executivo e Legislativo?
Pimentel: Algumas emendas não foram pagas por uma questão técnica junto às instituições que os deputados colocaram os recursos. Eu disponibilizei para cada deputado um arquivo com o conjunto das emendas para que eles possam ir às instituições tentar reverter o entrave. Mas o pagamento em 100% nunca vai ser feito. 20% a 30% dessas emendas eram pagas em gestões anteriores, que esses próprios deputados defendem. Eles sabem da dificuldade. E tem muitas emendas minhas que estão travadas por conta de questões técnicas. Ainda assim, é bom ressaltar que este é o governo que mais pagou emenda na história.
Como a senhora avalia os impactos do impasse em torno do empréstimo de R$ 1.5 bilhão, da pauta travada e do plenário esvaziado na relação de ambos os poderes com os setores da sociedade que acabaram pegos no fogo cruzado, à exemplo dos profissionais de educação?
Pimentel: Obras como o Arco Metropolitano, a duplicação da BR-232, a requalificação dos grandes centros hospitalares, impactam diretamente a vida das pessoas de todo o Estado. O entrave foi criado por dificuldades impostas pelos próprios deputados da oposição. Não é a Casa, nós temos maioria. Se os projetos forem para o plenário, seriam aprovados.
Os questionamentos feitos pelas comissões foram respondidos a tempo, e mesmo assim eles não colocaram os projetos na pauta. E isso resvalou também na administração de Fernando de Noronha. O Governo vem tratando isso de forma muito transparente, mas quando chegamos à solução, outros entraves são criados para que o tempo seja exaurido e tenhamos dificuldade na execução das obras. E os empréstimos têm um prazo. A governadora só vai iniciar uma obra quando tiver a garantia do recurso para que essa obra tenha início, meio e fim.