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Governo precisa de novas estratégias com Legislativo

Presidente Lula precisa de repensar a articulação política, melhorar a popularidade e o timing das emendas, avalia cientista política Priscila Lapa

Por Camila Estephania

Presidente Lula

O presidente Lula precisa de estratégias diferentes das dos anos 2003-2010, que englobam seus dois primeiros mandatos, conforme avalia a cientista política Priscila Lapa. “É como se ele tivesse subestimado a mudança, quando entrou no jogo novamente. Ele achou que as negociações com o congresso dependiam de variáveis que ele já estava acostumado, como a barganha de cargos no governo distribuídos entre partidos, mas a moeda de troca não é mais só essa”, indica Lapa.

Para ela, nesse momento em que o Legislativo tem mais protagonismo institucional, é preciso repensar a articulação política, melhorar a popularidade e o timing das emendas. Como algumas emendas impopulares são inevitáveis, a especialista acredita que é preciso saber o momento certo de liberar cada uma delas sem causar prejuízo ao que o governo precisa fazer de investimento.

Sobre a articulação política, Lapa destaca que é preciso entender como o Congresso é formado atualmente. “Existe uma bancada expressiva que nunca comprou uma ideia a ponto de formar uma coalizão. É uma formação social e ideológica muito diferente do que tinha no Legislativo anos atrás”, observa.

A mudança no perfil dos parlamentares também desenhou uma nova oposição de direita, mais conservadora, que, por conta da sua atuação mais conectada com as redes sociais, promove um debate insuflado que acaba pautando o governo. Para Priscila, essa nova forma midiática de fazer política que foi apropriada pela direita tem capacidade de acusação mais rápida do que a resposta do governo, que não consegue reagir entre os ataques.

Como exemplo, a atitude acusatória do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) em audiência com o ministro da Fazenda Fernando Haddad ganhou os noticiários na última quarta-feira (11), eclipsando o debate econômico da ocasião. Porém, de acordo com Lapa, embora alguns parlamentares, como Nikolas, tenham grande popularidade e bastante influência sobre o seu eleitorado, isso não se reverte para o Congresso Nacional com um todo.

“Muitas pesquisas apontam que a população não confia no Congresso Nacional, todas as instituições políticas não estão com boa popularidade. Essa seria uma oportunidade para o governo Lula sair da crise e terceirizar a responsabilidade, diminuir o peso da culpa. Isso já aconteceu antes na época do ‘Mensalão’, tanto é que ele foi reeleito”, relembra a cientista política.