O ippon de Rafaela Silva no preconceito
A medalhista olímpica fala sobre as mudanças em seu dia a dia, quase seis meses depois do ouro. E diz que não se arrepende do fato de ter assumido a homossexualidade
Publicado: 12/12/2016 às 19:21
A judoca Rafaela Silva, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio, falou ontem sobre sua vida depois da competição. Segundo ela, a principal mudança não foi tanto financeira, mas principalmente na rotina dela. A campeã agora trata da renovação de contrato com a Embratel. “Quando a dinheiro, não mudou muito, não houve patrocínio novo. Só estou na expectativa da renovação”, apontou a campeã.
A principal mudança se encontra estampada no rosto de Rafaela. Está mais solta, fala com mais segurança e não tem medo de microfones e câmeras. Segundo ela, uma das condições para isso veio do fato de ter assumido publicamente a homossexualidade. “Antes, eu tinha muito receio, eu tinha medo do que eu fosse falar, e que as pessoas me criticariam novamente, agredisse minha família”, afirma, durante o 6º Encontro Nacional de Editores, Colunistas, Repórteres e Blogueiros, no Rio de Janeiro.
“Se fosse uma pessoa comum (assumindo) ou se fosse eu antes da medalha, não sei se seria todo esse carinho que as pessoas estão me dando nas redes sociais”, diz. Rafaela conta que foi a uma festa no Rio de Janeiro – cheia de globais, segundo ela – e todos queriam tirar fotos com ela. “Nem parecia que antes eu é quem queria, eu me esforçava para tentar tirar uma fotinha com os famosos”, sorri a atleta de 24 anos, criada na Cidade de Deus.
Até no dia a dia, a vida de Rafael teve alterações. Ela conta, com um tom de voz acostumado a ter sofrido preconceitos desde muito cedo, que bastava andar com os amigos na rua, de bermuda e rindo, e os vidros dos carros se fechavam. “Hoje, as pessoas não querem só uma foto. Elas querem também um abraço, falar com a gente. Dizem que o filho começou a praticar o esporte por causa da gente. Isso é legal”, lembra.

