Movida por desafios
Primeira mulher a alcançar o cume do Aconcágua a partir do acampamento-base, mineira retorna em busca de outro recorde na mais alta montanha do Hemisfério Sul
No início deste mês, a belo-horizontina, que vive há sete anos na Espanha, já cumpriu parte de seu desafio pessoal. Na impossibilidade de fazer todo o percurso por causa de condições climáticas desfavoráveis (os ventos chegavam a 90km por hora), Fernanda já estabeleceu o recorde feminino ao completar a distância do acampamento-base (a 4.350m), na Plaza de mulas, ao cume (a 6.962) em 14 horas e 20 minutos – nove horas e meia para subir e três horas e 50 minutos para descer. Foram 17 quilômetros percorridos.
“Consegui concluir a primeira etapa de um sonho. Não existia recorde feminino e meu objetivo era colocar uma marca. Eu e várias campeãs já havíamos tentado e não conseguimos. Tentei duas vezes, quase tive edema pulmonar, já que o corpo não tem assimilação para aclimatar, pois cruzo as etapas muito rápido. Chegava até 6 mil metros; desta vez, cheguei ao topo”, afirmou Fernanda, que embarca hoje para a Argentina e ficará no aguardo de condições climáticas favoráveis, o que está previsto para domingo ou segunda-feira. “Agora estou forte, treinada. Passei um mês lá e me sinto muito preparada.”
“É uma forma de aliar as provas a projetos sociais, para mostrar para meus seguidores problemas sociais e ambientais. A situação dessas montanhas, por exemplo, é preocupante, já que muito lixo é deixado para trás pelos próprios montanhistas e não se decompõe”, afirma a mineira, que tem as aventuras acompanhadas por 50 mil seguidores apenas no Facebook.
DEDICAÇÃO Hoje, a mineira mantém uma empresa no Brasil, que gerencia à distância mesmo quando está acampada a mais de 4 mil metros, e se dedica integralmente a ultramaratonas. Em 2015, ela foi vice-campeã mundial do Ultra Trail World Tour, o circuito mundial de ultramaratonas, após somar pontos nas provas da Austrália, Suíça, Japão e Espanha, em competições que variam de 100 a 170km. Depois de cumprir o desafio no Aconcágua, a mineira terá apenas um mês para se preparar para a maratona de Sables, de 251km divididos em seis dias no Saara. “É desgastante, mas me sinto incrível. Quando estou ali, só eu e a montanha, a gente se vê pequena, mas ao mesmo tempo imensa. Não é só um esporte, é um estilo de vida”, garante a mineira.
RESISTÊNCIA
6.962m
é a altitude do Aconcágua, na Argentina, a mais alta montanha do Hemisfério Sul
14 horas
a mineira levou para subir e descer, do acampamento-base ao topo(a 4.350m), num total de 17km de percurso
20 horas
é o tempo que Fernanda pretende gastar para alcançar o cume desde a porta do parque (a 2.850m)