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MUNDIAL PARALÍMPICO DE NATA��O

Maior medalhista paralímpico, Daniel Dias deixa escapar recorde por 57 centésimos

Nadador venceu os 200m livre, mas não bateu a melhor marca da prova

Publicado: 16/07/2015 às 12:32

Daniel Dias no Mundial Paralímpico, na Escócia
Glasgow — Para tentar quebrar mais uma marca mundial, nesta quarta-feira (15/7), na Escócia, Daniel Dias, maior medalhista paralímpico do Brasil e dono de dois troféus Laurens, testou até treino em canal com correnteza na Espanha, mas o melhor tempo escapou por 57 centésimos. Acostumado a vencer com tranquilidade na prova de 200m livre da categoria S5 (ccccc), o brasileiro hesitou em comemorar o ouro conquistado com folga no Mundial Paralímpico de Natação. Da piscina, enquanto seus adversários ainda nem haviam chegado, ele buscou o telão e teve comportamento atípico.

A comemoração deu lugar à frustração. Há anos o nadador persegue um novo recorde na prova — o atual já é dele —, mas fica no quase. “No ano passado, eu caí (na piscina) para nadar pelo recorde e faltou ali muito pouco mesmo, um detalhe. Uma chegadinha melhor, uma virada melhor”, analisou, na véspera da disputa, em entrevista ao Correio. A frase, porém, ficou inalterada após o resultado. O brasileiro fez 2min27s28, apenas 57 centésimos acima da sua última marca na prova, conquistada em 2010.

Fora da piscina, Daniel Dias relaxou e voltou ao foco da sua carreira que já lhe rendeu sete recordes mundiais e 15 medalhas olímpicas: estratégia, calma, gratidão e treinos intensos. "Claro que eu queria o recorde, era a meta, mas vamos curtir o momento. Depois do mundial, vou conversar com o meu técnico e ver como podemos melhorar."

Preparação

O depois do nadador é bem breve. Logo após o Mundial, ele fica poucos dias no Brasil antes de embarcar com a seleção para o Canadá e competir nos Jogos Parapan-Americanos. A disputa olímpica do próximo ano, no Rio, também está no calendário de curto prazo do atleta, que adiantou ao Correio que vai diminuir o ritmo depois da competição.

“Não tem essa de que é só ano que vem. Aqui vai ser uma grande prévia do que vai ser em 2016, nos Jogos do Rio. Vamos acertar mais detalhes no Pan”, explicou. Com 27 anos, ele planeja focar em provas mais específicas logo após as Olimpíadas.

Em busca de novo recorde nos 200m livre, Daniel Dias aumentou a série de treinos para ganhar mais resistência e testou uma nova “piscina”: “Fizemos um trabalho específico para essa prova em Tenerife, na Espanha. Um treino em um sistema que a gente não tinha feito ainda, que é um canal onde você nada contra a correnteza”, explicou.

O recorde não veio, mas Dias sentiu o gostinho e a “inveja boa” de competir em casa. O seu principal adversário, o britânico Anderew Mullen, nascido em Glasgow, contou com o apoio da torcida e aproveitou para provocar o brasileiro. Durante o Mundial, Daniel reconheceu que ficou mexido pela agitação das arquibancadas, mas ignorou o falatório do rival. Mullen, que fez o melhor tempo nas eliminatórias, disse — antes de perder duas vezes para Daniel — que estava até “nadando devagar”.

Com três ouros em três dias de competições, o brasileiro encerrou a polêmica para se concentrar no fim da competição: “Eu avisei que a gente ia ver na piscina. Eu olho na minha raia e tento fazer o melhor”. O nadador ainda brigará por medalhas em mais quatro provas. A seleção conquistou, até agora, oito medalhas (quatro de ouro e quatro de prata), no Mundial e ocupa o quinto lugar no ranking geral. Com 14 ouros, a Rússia lidera o quadro de medalhas, seguida pela Ucrânia e os Estados Unidos.

>>O Comitê Paralímpico Brasileiro transmite o evento em www.cpb.org.br/mundialdenatacao2015
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