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Pernambucano Roberto é anão, mas chama atenção pelo talento para surfar

Ele tem 1,35 metro, mas foi campeão master na 4ª etapa do estadual de master

Publicado: 10/12/2014 às 09:52

Roberto Pino é conhecido como Pino Detonador e recebeu apelido pela habilidade com as ondas em ItapuamaRoberto Pino, 37 anos, é surfista. Campeão master na 4ª etapa do estadual, é conhecido como Pino Detonador. Recebeu o apelido pela habilidade com que domina as ondas em Itapuama, no Cabo de Santo Agostinho. A remada curta, a velocidade e as rasgadas aguçam a curiosidade dos que passam. Pino tem apenas 1,35 metro de altura. Autodefine-se como o único surfista anão do Nordeste.

Mais do que a condição física, é por superá-la que o surfista tornou-se uma referência. Pino disputa as ondas de igual para igual com a elite do surfe pernambucano. Faz esforço dobrado. E a baixa estatura não é o único motivo de desvantagem para Roberto. A sua resistência é menor do que a dos adversários. Ele revela sentir um cansaço fora do comum dentro do mar. “Eles têm braços mais compridos. Os pulmões são maiores. Consequentemente, saem na frente”, explica ele, que, antes de entrar no mar, usa uma bombinha para ajudar na respiração. “Tem dias que ele leva no bolso, para o mar, quando vai passar muito tempo surfando”, revela a esposa Maria Eriane, de 26 anos, que acompanha o marido junto com os filhos, que também são anões. Lara tem cinco anos. Otávio, sete.

Na vida e no esporte, Roberto precisou se adaptar de forma especial para levar uma rotina normal. A prancha é feita especificamente para ele. “É menor do que as que estamos acostumados a ver por aí. Mas também não se compara com a de uma criança. Ela precisa ser mais grossa. Ter mais volume para flutuação por causa do meu peso e tamanho”, explica.

Filhos
E não é só Pino que chama a atenção na Praia de Itapuama enquanto treina pesado. Os filhos Lara e Otávio também herdaram a paixão pelo surfe. “Costumo dizer que somos uma família de sangue salgado. Tenho passado a lição de superação para os meus filhos através do surfe. Eles já estão ficando em pé na onda. Curtem muito me acompanhar. Otávio já tem a própria prancha. A de Lara já está a caminho. Ela vem pedindo muito”, revelou Pino. Não qualquer prancha. “Quero uma prancha rosa”, afirma a menina.

Os filhos, natural, mostram-se encantados ao ver o pai dominando as ondas de Itapuama. Perguntado sobre o que queria ser no futuro, Otávio não demorou para responder. “Quero ser surfista igual ao meu pai”, disse.

Roberto faz o estilo paizão. Quer ser um exemplo para os filhos. Não só no esporte. No dia a dia também. Não deixa os meninos faltarem à aula. Não foi muito bom na época em que estudava. “Fiz até a 5ª série. Acho que eu tinha algo tipo dislexia. Estudava, sabia das coisas, mas chegava na hora da prova e parecia que dava um branco. Eu esquecia de tudo. Quero que com meus filhos sejam diferentes de mim nisso. Por isso sou duro com eles na escola”, diz.

O amor do mar, o amor da praia
Roberto nasceu em uma família de “gigantes”. Nasceu no Recife, onde mora até hoje. Apenas ele era anão. Começou no surfe cedo, em uma piscina. Puxado por uma cordinha amarrada em uma prancha improvisada com isopor pelos irmãos José Nabuco Júnior e Alexandre Pino. Roberto tinha apenas 7 anos. Apaixonou-se de imediato. Percebeu que poderia ir além. Nunca deixou a deficiência impor limites aos seus sonhos. Quis continuar. Ser grande. E conseguiu. Vem conseguindo.

Filho de Tereza Cristina Santana e José Nabuco Pino, Roberto foi evoluindo junto com a superação. Sempre foi tratado de igual para igual em relação aos três irmãos. Não se sentia diferente. Sempre teve uma vida normal.

É tão bem resolvido que faz até a esposa Eriane esquecer que ele é pequeno. “Uma vez Beto foi dar uma palestra em uma escola e me perguntaram qual seria o tema. Respondi de cara que era sobre surfe. Soube depois que era sobre superação e cheguei a me perguntar o porquê”, revelou Eriane.

O começo do namoro deles foi um pouco confuso, lembra ela. “Ele precisou ser muito insistente”, revela. Os dois foram apresentados por um amigo. Aos poucos foram se apaixonando. “No início, eu ficava pensando no que as pessoas iriam achar de nós dois. Mas depois passei a não pensar mais nisso. Nosso relacionamento é muito bom. Deus escolheu direitinho a gente. Nos completamos”, confessou ela.

Tamanho da prancha
As pranchas geralmente são medidas em pés e polegadas. As mais tradicionais vão de 5’11” (5 pés e 11 polegadas) a 6’6”. A escolha varia de acordo com o tamanho e peso do surfista e o tipo de onda que se vai pegar. Roberto surfa com pranchas de três tamanhos variados: 4’11’’, 4’10’’ e 5’.

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