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Sport completa 120 anos de glórias, mas crise no futebol ofusca comemoração

Lanterna do Brasileirão, Leão da Ilha passa por momento longe do planejado e precisa urgentemente se encontrar

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Fundado no dia 13 de maio em 1905 pelo engenheiro pernambucano Guilherme de Aquino, o Sport Club do Recife comemora nesta terça-feira (13/5) 120 anos de história. E de glórias, sendo as maiores o Campeonato Brasileiro de 1987 e a Copa do Brasil de 2008. No entanto, os rubro- negros gostariam de viver uma fase melhor no futebol, para que a celebração fosse maior.

[SAIBAMAIS]O Sport faz uma campanha vexatória na Série A do Campeonato Brasileiro, ocupando a lanterna da competição com apenas dois pontos. Em oito jogos, foram seis derrotas e dois empates. No último domingo (11), o time levou uma sonora goleada por 4 a 0 do Cruzeiro, na Ilha do Retiro.

Prova da crise é que, na véspera do aniversário do clube, nada de divulgação de eventos alusivos à data. Pelo contrário, o dia foi de anúncio da demissão do executivo de futebol André Figueiredo. Foi a resposta do presidente Yuri Romão à imensa pressão por mudanças feita pela torcida. Lembrando que o jogo contra o Cruzeiro marcou a estreia do técnico António Oliveira, contratado para o lugar do também português Pepa.

 

 

 

A troca no comando técnico surge como uma tentativa do clube de reencontrar o rumo na temporada e conseguir a permanência na elite. Reforçando que o Sport investiu cerca de R$ 60 milhões na montagem do elenco, em nomes como Sérgio Oliveira, Paciência, Rivera, Carlos Alberto, Matheus Alexandre, Atencio e Pablo. Todos ainda devendo um bom futebol. Passando por uma crise na atual temporada, o clube encara uma enorme desconfiança por parte de sua torcida apaixonada. 

 

GESTÃO 

 

Fora das quatro linhas, o momento é mais animador. Com a Recuperação Judicial, o passivo do Sport caiu de R$ 396 milhões para R$ 109 milhões, acordo ainda à espera de homologação judicial.  Iniciado em março de 2023, o processo veio como um passo importante na tentativa da atual gestão de reorganizar as finanças rubro-negras e oferecer melhores condições para enfrentar o passivo histórico do clube.

 

O Sport registrou um crescimento significativo em sua receita bruta, que subiu de R$ 72,9 milhões em 2023 para R$ 135,9 milhões em 2024, segundo o balanço financeiro divulgado pelo clube. As receitas recorrentes, que incluem TV, marketing, bilheteria e sócios, também cresceram, passando de R$ 70,2 milhões para R$ 75,7 milhões. Apesar do aumento na arrecadação, o clube fechou o ano com déficit de R$ 16,5 milhões, sendo os gastos com o futebol a principal despesa, totalizando R$ 63,2 milhões. 

 

Dentro do clube, a avaliação é positiva em relação à possibilidade de constituição de uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol), vista como estratégica tanto para manter o Sport na Primeira Divisão quanto para reestruturar suas dívidas. Nos bastidores, há confiança de que o processo pode ser concluído ainda durante a gestão atual, tendo como um dos principais trunfos o projeto de retrofit da Ilha do Retiro, considerado um ativo valioso para atrair investidores.  

 

A ILHA DO RETIRO E O RETROFIT

Inaugurada em 4 de julho de 1937 e oficialmente nomeado Estádio Adelmar da Costa Carvalho, a Ilha do Retiro sempre foi reconhecida como a casa do torcedor do Sport e um terreno hostil para os adversários. Em 2024, a equipe rubro-negra precisou passar grande parte de uma temporada jogando na Arena de Pernambuco por conta de uma ampla reforma.

 

No retorno diante do Ceará, pela Série B, a nova Ilha (com gramado renovado, drenagem refeita, iluminação e melhorias em comodidade) foi peça-chave na arrancada rumo à Série A.

 

Com a aprovação unânime do Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU), o projeto de retrofit do Complexo da Ilha do Retiro deu um passo importante rumo à sua concretização. O Sport agora busca parcerias para viabilizar financeiramente a iniciativa e iniciar as obras em 2026.

 

 

 

O plano vai além da modernização do estádio: contempla toda a área de 101 mil m² da Ilha, incluindo ginásio, quadras e piscinas — com exceção da sede, que é tombada. O novo complexo prevê a construção de uma torre comercial com 35 andares, onde estarão lojas e salas comerciais.

 

Já o estádio rubro-negro será remodelado com cobertura, cadeiras em todos os setores, 220 camarotes e aumento da capacidade para 35.225 torcedores, com a construção de um anel superior. A direção do clube vê o projeto como uma oportunidade histórica de modernização e crescimento.

 

BASE  

E se o futuro ainda é um campo a ser explorado, a base do Leão já começa a pintar com promessas reais. Após a venda histórica do lateral-direito Pedro Lima ao Wolverhampton, da Inglaterra (a maior da história do futebol nordestino) o nome da vez é Zé Lucas. O jovem volante de 17 anos carrega uma enorme expectativa da torcida para seguir os passos do ex-defensor do Sport e escrever também sua história. 

 

A HISTÓRIA DE UM BRAVO LEÃO

O Sport consolidou sua força no futebol pernambucano e expandiu sua influência no Brasil. Acumulou títulos estaduais, regionais e até nacionais, reforçando a imagem do time rubro-negro como um dos gigantes do Nordeste.

 

O Leão, símbolo do clube, é também uma homenagem ao povo pernambucano. A figura remete ao brasão do primeiro donatário da capitania de Pernambuco e à tradicional alcunha de "Leão do Norte". Esse título foi definitivamente abraçado pelo clube em 1919, ao vencer o troféu Leão do Norte em Belém, superando o combinado Remo/Paysandu.

 

 

 

A trajetória do Sport é entrelaçada à do próprio futebol nordestino. Entre títulos de expressão está o do Campeonato Brasileiro de 1987, que vai além de uma conquista: é um marco e um rugido de bravura que ecoa até hoje contra o eixo dominante do futebol nacional. Uma taça que simboliza a grandeza do Leão, estampada em várias edições das camisas do clube e entoada nos cânticos da torcida.

 

Já em 2008, o Sport voltou a impressionar o Brasil ao conquistar a Copa do Brasil. Em jogos memoráveis e com uma Ilha pulsando em cada lance, o Leão mostrou sua força diante de gigantes e garantiu o título e uma vaga inédita na Libertadores.

 

A força no estado também permaneceu durante os anos. Com 45 títulos pernambucanos em sua galeria — o último conquistado agora em 2025, na final contra o Retrô — o Sport firmou seu sexto tricampeonato.