° / °
Esportes DP Mais Esportes Campeonatos Rádios Serviços Portais

Em busca do 11º acesso, Glaysson quer atingir feito que nenhum atleta conseguiu em Minas

Experiente goleiro de 39 anos defenderá a camisa do União Luziense

Por

3548775
São 20 anos de carreira, 21 clubes no currículo e muita história para contar. Do campo de terra no Bairro Casa Branca, Região Leste de Belo Horizonte, Glaysson Leandro Rodrigues viu o gosto pelo futebol ganhar cada vez mais força. Hoje, o experiente goleiro de 39 anos é praticamente um dos maiores ciganos da bola no país e conhece como poucos as dificuldades enfrentadas pelos times do interior. Contratado pelo União Luziense, que começa neste domingo a disputa da Terceira Divisão do Campeonato Mineiro diante do Betis, de Ouro Branco, às 10h, na Arena do Jacaré, ele busca um feito que nenhum atleta conseguiu no estado: o 11º acesso de divisão por equipes diferentes.

Revelado nas categorias de base do Cruzeiro no fim dos anos 1990, Glaysson passou por todos os cantos de Minas colecionando muitos amigos e feitos. Sempre foi comum ele receber convites para jogar seis meses em algum time em busca de título ou mesmo o vice-campeonato, que garante a passagem a um módulo acima no torneio e, consequentemente, maior premiação. Além dos vários acessos estaduais da carreira, há também a ascensão do Tupi à Série B do Brasileiro em 2015.

Por ser experiente e rodado, é comum ver vários dirigentes “brigando” para tê-lo no grupo. “Em muitas vezes, eu estava jogando em um clube e outros três ou quatro já iam atrás de mim. Alguns me contratavam antes de terminar a temporada, me pagavam para o ano seguinte. O time se apresentava em dezembro e eu começava a receber em outubro. Nem o treinador tinha sido apresentado”, conta o goleiro.

Em abril, ele foi um dos destaques na campanha do Tupynambás, de Juiz de Fora, à Primeira Divisão. Logo depois, houve a proposta para atuar no União Luziense, de Santa Luzia, cidade da Região Metropolitana de BH – antes, rejeitou o Valério, de Itabira, do amigo Marcelo Ramos. E trouxe da Zona da Mata três amigos para jogar no União: o zagueiro Vinícius, o volante Wilson e o atacante Kelve.

Antes mesmo de estrear, ele tem negociações para voltar a atuar pelo Tupynambás no ano que vem, na elite. Ele se considera realizado: “É o prazer de fazer o que eu gosto. Minha vida é assim desde os 13 anos. O pessoal me respeita muito e eu procuro passar tudo o quer eu vivi para essa molecada. Minha motivação é fazer história e ter reconhecimento.”

Mesmo sem jogar por times de expressão nacional há algum tempo, Glaysson já se tornou ídolo com as camisas que defendeu. É comum vê-lo distribuindo autógrafos ou sendo assediado por fãs com pedidos de fotos. “O que me motiva é a convivência dentro de campo, amizade que fazemos no futebol. Acabamos virando ciganos. É gratificante muitos jogadores se espelhando no que fazemos. Nas minhas redes sociais, há pessoas me pedindo para fazer vídeos motivacionais para que outros sigam meu exemplo. Já teve pais que colocaram o meu nome no filho por causa de mim, por me ver jogar. É isso o que levamos na vida da bola: o nome, reconhecimento e o respeito”.

Fim de carreira

A opção de jogar em Santa Luzia o ajuda a ficar mais próximo da esposa, Fernanda, e da filha, Maria Luísa, de 7 anos. Com o dinheiro que ganhou no futebol, Glaysson comprou carro, tem um apartamento e abriu uma empresa de aluguel de mesas para festas. Quando pendurar as chuteiras, ele pensa em montar um negócio no ramo do transporte ou mesmo seguir no futebol como dirigente ou preparador de goleiros.

“Costumo falar que vou jogar até onde as pernas aguentarem. Mas sabemos que não tem jeito. Se pudesse, jogaria até os 100 anos. Vamos ver se jogo um ano ou dois para depois curtir minha menininha. Até recebi um convite do Nacional de Muriaé para ser diretor, mas o time acabou encerrando suas atividades antes da hora”.

Chance de nova subida

Ao lado do Coimbra, o União é uma das equipes favoritas a garantir o acesso à Segunda Divisão no ano que vem. O clube arrendou o antigo Centro de Treinamento que abrigava as categorias de base do América, em Santa Luzia, e mandará os jogos no Estádio Frimisa. A Terceira Divisão do Estadual será disputada por 13 equipes que jogam entre si na primeira fase. As quatro melhores disputarão as semifinais a partir de outubro. Quem passar por essa etapa garante a vaga no Módulo II em 2019.

Um dos termos do regulamento tem sido criticado pelos clubes: o limite máximo de cinco jogadores acima dos 23 anos por equipe na competição. Se, por um lado, a Federação Mineira incentiva a utilização de atletas jovens, por outro, os mais experientes acabam não tendo espaço e ficam desempregados.

Um dos cinco acima da idade inscritos pelo União Luziense, Glaysson considera que o regulamento deveria ser melhor visto: “Fico muito triste. Particularmente, não deveria ter essa regra ou ela poderia ser feita de outro jeito para acrescentar esses jogadores. O regulamento tira o espaço do pai de família que está trabalhando, que leva o sustento para casa. Por um lado, acho válido para dar espaço para os que estão chegando”.

O Minas Boca, de Sete Lagoas, será um dos que investirão em mais jovens e menos medalhões. Sua estreia será às 15h30 deste sábado, em Patrocínio, contra a Sociedade Esportiva Patrocinense. O supervisor de futebol Leandro Costa acredita que o regulamento permite que os times tenham novos talentos até com chance de serem negociados. “É uma boa oportunidade para surgir novos craques. É interessante que os atletas mais rodados consigam se dividir entre as equipes menores para termos um campeonato mais nivelado. Assim, mesclamos experiência com juventude.”

Ficha técnica

Nome: Glaysson Leandro Rodrigues
Nascimento: 1º/3/1979, em Belo Horizonte
Altura e peso: 1,84m e 92kg
Clubes: Cruzeiro (1993-2000); Ipatinga (2000); Democrata-GV (2001); Grêmio Mauaense (2001); Guarani (2002); Ipatinga (2002-2003); Democrata-GV (2003-2004); Olympic (2004); Guarani (2004-2005); Mixto-MT (2005); Uberlândia (2005); Democrata-GV (2006); Rio Branco (2006); Villa Nova (2007-2008); Legião-DF (2008); Rio Branco (2009); Uberaba (2009); Volta Redonda (2010); Araguari (2011); Caldense (2011-2012); Nacional de Patos (2012); Caldense (2013); Nacional de Uberaba (2013); Uberlândia (2014); Nacional de Muriaé (2014); Tupi (2015-2016); Guarani (2017); Tupynambás (2017); União Luziense (2018)

As façanhas dele

Equipe                       Ano       Divisão 

Guarani                     2002     elite do Mineiro
Olympic                     2004    2ª Divisão do Mineiro
Democrata-SL            2004    elite do Mineiro
Uberlândia                 2005    elite do Mineiro
Rio Branco                 2006    elite do Mineiro
Nacional de Uberana   2013    2ª Divisão do Mineiro
Uberlândia                 2014    elite do Mineiro
Nacional de Muriaé      2014    2ª Divisão do Mineiro
Tupi                           2015    Série B do Brasileiro
Tupynambás               2017    elite do Mineiro