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Fred cita de Donizete a Guardiola, fala de carência do elenco do Galo e passa ano a limpo: 'Estamos na situação que a gente merece'

Atacante não fugiu de questionamentos e avaliou temporada irregular do time

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Fred foi direto e não fugiu de nenhum questionamento. Em longa entrevista coletiva, o atacante falou durante 25 minutos - mais do que o costumeiro - e, seguidas vezes, utilizou o tom de desabafo para analisar a temporada do Atlético. Individualmente, o ano foi bom: 29 gols em 54 jogos (média de 0,53). O coletivo, entretanto, não funcionou da mesma forma.

A equipe chega à última rodada do Campeonato Brasileiro com atenções divididas. Antes de tudo, precisa de uma vitória contra o Grêmio. Ao mesmo tempo, torce por tropeços de pelo menos dois destes quatro times: Flamengo, Vasco, Botafogo e Chapecoense. Tudo isso para garantir uma vaga na próxima edição da Copa Libertadores da América. Para Fred, o Atlético ‘merece’ estar nessa situação.

[SAIBAMAIS]“Pelo que a gente fez, acho que estamos na situação que a gente merece. Temos que ganhar e depender dos outros. As outras equipes fizeram por merecer estarem melhor. A gente fez por merecer estar nessa situação”, avaliou o atacante.

Atualmente, o Atlético ocupa a 10ª posição, com 51 pontos - dois a menos que o Botafogo, primeiro time do G8 - grupo que assegura uma vaga na Libertadores. A situação do time mineiro poderia estar melhor se tivesse conseguido vencer o Corinthians, no último final de semana, em Itaquera. O feito quase foi alcançado. Um gol perdido por Fred quando o jogo já estava empatado em 2 a 2 marcou o duelo.

“Qualquer um poderia ter errado. Consegui ser frio quando saí com o Cássio, que tem quase 2m de altura. Houve precipitação no meu arremate. Eu lembro que quando eu dei o corte e vi um vulto passando, acho que foi o Balbuena, tentei jogar a bola para um lado e joguei por cima. Tentei dar o meu melhor. A Libertadores não veio porque errei aquele gol ou perdi um pênalti há dez rodadas. Hoje, a Libertadores não está consolidada nas nossas mãos, dependendo só da gente, por causa do nosso ano de irregularidade, trocas, de metodologia, uma hora uma coisa, outra hora, outra. As coisas, com Oswaldo, melhoraram um pouco mais. A culpa desse ano nosso estar nas mãos de outras equipes é nossa, de todo mundo que está diretamente e indiretamente no campo”, defendeu-se.

A temporada

As mudanças de treinador foram fator decisivo para a irregularidade do ano do Atlético, segundo Fred. Roger Machado iniciou o trabalho em 2017. Em seguida, Rogério Micale e Oswaldo de Oliveira assumiram o cargo.

Na avaliação do atacante, algumas decisões tomadas por jogadores, diretoria e treinadores durante o ano foram incorretas - ou, ao menos, inapropriadas para as necessidades da equipe no momento. Fred citou, inclusive, a passagem de Roger Machado pelo clube. 

O comandante apostava na troca de passes e cobrava profundidade dos jogadores, algo que, de acordo com o atacante, falta no elenco. Para defender o ponto de vista, Fred falou de Pep Guardiola, técnico do Manchester City, e até Leandro Donizente, ex-volante do Atlético, que atualmente tem contrato com o Santos. Em seguida, citou o que, para ele, é uma carência do elenco alvinegro: outro jogador de velocidade pelas pontas.

“Se o Guardiola viesse para o Galo. Ia usar correria? Ia botar o time para tocar bola. O Roger tinha uma visão de toque de bola. Nosso time tocava 60 bolas até finalizar para o gol. Ficou um time vistoso. Às vezes um pouco desequilibrado, porque não tinha um cara rápido de verdade, que talvez todo time do Brasil tenha, menos a gente. Hoje, só o Luan tem essa característica aqui. Comprou uma ideia de tocar bola. E aí, nessa fase ruim que a gente pegou, que veio pressão e porrada da imprensa e da torcida, que é natural, a gente tentou fazer o que não temos de essência, o que não é nosso. Não tem como pedir o Robinho para dar um carrinho, uma voadora igual o Donizete dá. Não tem jeito. Para dar aquelas voadoras, que contagiavam até a gente. É uma qualidade, uma cara também do Galo e que foi apostada e não deu certo”, avaliou.

A análise de Fred também levou em consideração Robinho. Após ser o artilheiro do Brasil em 2016, o camisa 7 teve um 2017 irregular, com mais baixos do que altos. A chegada de Oswaldo de Oliveira ao clube, há dois meses, fez com que o futebol dele melhorasse.

“A gente conversava muito, porque estávamos sofrendo muito, querendo fazer algo que não é da nossa característica. O Robinho sofrendo mais. Eu, como centroavante, consigo voltar menos. O Robinho, principalmente com o Roger, a gente viu ele lá na linha da nossa grande área defensiva, marcando. No campo, tem 80 metros para chegar. Ele se sobrecarregou muito taticamente. Se tivessemos ganhado, ele seria elogiado por isso. Quando teve sequência de jogo quarta e domingo, falando: ‘Pô meu irmão, sei o que você está passado. Estou tendo que voltar, estou sem força para chegar’. É fácil pegar jogador que tem característica para fazer isso, principalmente os mais novos. Se pegar o Otero, jogaria domingo e segunda. O Cazares já sofre para fazer isso, não é característica. O Robinho saiu muito das características dele. Sofri querendo ajudar, o que acabou prejudicando. Não fomos o melhor de nós mesmos. Sofrendo pressão, caímos nessa pressão. Dar carrinho, voltar atrás não é característica. Vamos ter raça no lugar em que jogamos. Por isso, Robinho não foi tão bem este ano como no ano passado”, completou.

Fred é uma das principais esperanças de gol do Atlético neste domingo. A equipe alvinegra enfrenta o Grêmio a partir das 17h (de Brasília), no Independência, pela última rodada do Campeonato Brasileiro. Em seguida, os jogadores serão liberados para as férias. No planejamento da diretoria atual, o grupo se reapresenta no dia 4 de janeiro.