Hora do desempate

Do lado mineiro, o argentino Lucas Pratto, de 27 anos. Do lado paulista, o paranaense Jadson, de 32. O que os dois jogadores têm em comum? Mesmo em posições diferentes, ambos são os artilheiros de suas equipes no Campeonato Brasileiro, com 12 gols, cada um, e são as apostas de Atlético e Corinthians no duelo de domingo, às 17h, no Independência. O confronto, aguardado por todo o país, vai definir os rumos da competição. A pressão maior está do lado do gringo, já que o Galo está oito pontos distante do líder e tem de vencer a qualquer custo para manter a chance de título.

Pratto e Jadson dividem a vice-artilharia do Nacional, atrás apenas do santista Ricardo Oliveira, que balançou as redes 19 vezes. Nesta competição, os dois foram decisivos e deixaram suas marcas, assegurando pontos fundamentais para suas equipes. O corintiano se tornou peça-chave também na criação de jogadas, já que 10 de seus passes terminaram em gols. Em contrapartida, três gols do Galo saíram em assistência de Pratto.

Somente quatro dos gols do atacante atleticano neste Brasileiro foram marcados no Independência – o último foi de pênalti, na vitória contra o Internacional, há 15 dias. Ele entende que a força da torcida será um diferencial dos donos da casa no fim de semana: “O estádio estará lotado. É muito bom que todos nos apoiem. Temos a pressão de ganhar, mas teremos 90 minutos para fazer boa partida”.

Questionado sobre quem tem feito mais diferença, Lucas Pratto desconversou: “Não sou eu quem tenho que dar essa resposta. Isso cabe a vocês responder”, disse, ciente de que o Galo não pode errar: “Domingo é o jogo mais importante do Campeonato e o único resultado que nos interessa é a vitória. Jogaremos como se fosse uma final e buscaremos o resultado para encurtar a distância para o Corinthians”.

Nas últimas atividades, Pratto dedicou seus esforços à finalização, até para estar com o pé calibrado caso tenha alguma oportunidade contra o Corinthians. Um aspecto curioso vem marcando sua participação na competição: segundo levantamento do Footstats, ele é o atleta que mais finalizou na Série A (46 vezes), mas também o que mais concluiu suas chances para fora (47).

CRESCIMENTO NO TIMÃO Se o camisa 9 do Galo logo impressionou em seu primeiro ano em Minas, Jadson vem crescendo desde a temporada passada. Ele chegou desacreditado em 2014, vindo do São Paulo, numa troca com Alexandre Pato e, em 2015, vem dividindo com os companheiros Elias e Renato Augusto a condição de líder do grupo. O jogador subiu de produção sob o comando de Tite, que tem lhe dado mais liberdade para se movimentar e criar jogadas no esquema tático ofensivo do time paulista.

“Estou conseguindo atingir as metas. Temos chance de conquistar esse título, mas isso só ocorrerá quando não tiver mais chance para o Atlético. O Tite é um cara transparente, passa a ideia dele e todos entendem e respeitam. Ele é um cara sensacional. A gente sabe o quem tem de fazer: é continuar trabalhando firme com os pés no chão”, afirma o armador, artilheiro do Timão neste ano, com 15 gols em 51 jogos.

A tarde será especial para o camisa 10 corintiano. Ele completará em Belo Horizonte 100 jogos pelo time. Se conseguir resultado positivo no Independência, ficará ainda mais perto do primeiro título pelo clube do Parque São Jorge.

Paulo Isidoro, armador do Atlético de 1975 a 1979 e de 1985 a 1987

“Será uma disputa muito boa. O Pratto está bem, mas vem fazendo gols de pênaltis, enquanto o Jadson tem sido mais decisivo. Mas o Atlético será mais fortalecido e favorecido, sem dúvida. Se o Pratto ficasse fora, certamente a equipe não teria um substituto à altura. Já o Jadson tem boas peças para ocupar seu lugar”.

Zé Elias, volante do Corinthians entre 1993 e 1996

“Os dois jogadores estão em grande momento. O Pratto tem um estilo próprio e a capacidade de fazer a torcida jogar com seu time, graças à raça e seu comportamento em campo. Já o Jadson não tem essa vibração, mas na técnica e no esquema tático do time ele tem feito a diferença a favor do Corinthians”

Adversário terá 1,8 mil ingressos

No duelo do líder com o vice-líder do Campeonato Brasileiro, cerca de 1,8 mil torcedores corintianos devem estar em Belo Horizonte para apoiar o time paulista. A carga de ingressos foi liberada ontem à tarde pela diretoria do Atlético, depois que o clube do Parque São Jorge depositou um valor em torno de R$ 180 mil na conta dos mineiros.

A tendência é de que os bilhetes sejam todos vendidos em São Paulo, com a maioria destinada às torcidas organizadas – um funcionário do Timão virá hoje a Belo Horizonte buscá-los. Inicialmente, as bilheterias ficaram abertas para os paulistas somente no domingo, duas horas antes da partida, por determinação da Polícia Militar. Mas houve grande mobilização e procura por parte dos corintianos, que viajarão em caravanas. Assim, não haverá comercialização desses tíquetes em Belo Horizonte.

No jogo do turno, em 18 de julho, quando o time paulista venceu por 1 a 0, gol de Malcom, mais de mil atleticanos ficaram fora do Itaquerão, porque a diretoria do Corinthians reservou apenas 870 entradas. A alegação é de que o Atlético não havia feito o depósito correspondente ao lote a que teria direito.