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Ghiggia morre vítima de uma parada cardíaca no dia em que Maracanazo completa 65 anos

Carrasco do Brasil na final da Copa do Mundo de 1950, uruguaio morre aos 88 anos

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O primeiro grande carrasco do futebol brasileiro morreu nesta quinta-feira, 16 de julho, dia em que a derrota do Brasil para o Uruguai na Copa do Mundo de 1950 completa o seu 65º aniversário. Alcides Edgardo Ghiggia não resistiu a um ataque cardíaco, aos 88 anos.

Autor do segundo gol da vitória por 2 a 1 do Uruguai sobre a Seleção Brasileira, Ghiggia transformou o Maracanã em Maracanazo em 1950 e ainda marcou para sempre a vida do goleiro Barbosa, falecido em 2000, aos 79 anos.

“Apenas três pessoas calaram o Maracanã: o Papa João Paulo II, Frank Sinatra e eu”, costumava dizer o ídolo uruguaio, sobre o seu feito diante de mais de 200.000 torcedores brasileiros.

Natural de Montevidéu, Ghiggia começou a carreira no modesto Sud America e defendeu também o Atlante, da Argentina, antes de se transferir para o Peñarol, equipe na qual teve seu melhor momento na carreira – participou da conquista de dois títulos nacionais, em 1949 e 1951, quando também ganhou destaque pela seleção do Uruguai.

Julio Pérez era seu parceiro no setor direito do ataque uruguaio. Ficaram conhecidos como “O Arco” – Julio, com os seus longos e precisos lançamentos – e “A Flecha” – Ghiggia, com a sua velocidade, pronto para invadir a área e finalizar. Foi assim que ele marcou um dos gols uruguaios no empate por 2 a 2 com a Espanha em 1950. Antes, havia balançado as redes também na vitória por 8 a 0 sobre a Bolívia.



O maior gol da carreira de Ghiggia ainda estava por vir. Mesmo tendo saído atrás do placar diante do Brasil, que marcou com Friaça, o ponta não desanimou naquele 16 de julho e continuou infernizando os seus marcadores pelo lado direito. Aos 21 minutos, deixou o zagueiro Bigode para trás, invadiu a área e cruzou para Schiaffino empatar tudo. A igualdade ainda dava o título à Seleção Brasileira.

Restavam 11 minutos para o apito final quando Ghiggia, novamente pela direita, trocou passes com Julio Pérez e recebeu nas costas de Bigode. Ao invadir a área, notou se adiantando, prevendo novo cruzamento. Com um chute rasteiro, mandou a bola para o fundo do gol, entre o goleiro e a trave.

Renomado com a conquista da Copa do Mundo, Ghiggia seguiu para a Itália em 1953, para defender a Roma. Longe de seu país, passou a defender cada vez menos o Uruguai e não foi liberado nem sequer para o Mundial de 1950. Com o passaporte europeu, no entanto, jogou pela Itália nas Eliminatórias para o torneio de 1958 e anotou apenas um gol, no empate por 2 a 2 com a Irlanda do Norte. Os italianos acabaram sem a classificação, perdendo por 2 a 1 em novo encontro com os irlandeses – jogo em que o ponta uruguaio foi expulso.

Ghiggia ainda defendeu as cores do Milan e do Danubio, já de volta ao Uruguai. Encerrou a carreira em 1968 e aposentou-se como funcionário do Cassino de Montevidéu, sem gozar de tanto prestígio financeiro. Viveu os seus últimos anos na cidade de Las Piedras, administrando um supermercado.

As honrarias, no entanto, não foram escassas. Em outubro de 2004, Alcides Ghiggia foi condecorado com a Ordem do Mérito da Fifa pelos serviços prestados ao futebol. Em dezembro de 2009, retornou ao palco onde abrilhantou a sua carreira para ser homenageado: tornou-se o centésimo notável a colocar os pés na Calçada da Fama do Maracanã.

“Nunca pensei que seria homenageado aqui. Estou muito emocionado. Meus sinceros agradecimentos ao público. Desejo muitas felicidades no Ano Novo, e viva o Brasil!”, discursou, na ocasião, o carrasco brasileiro de 1950.