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Perfil: Melhor jogador da temporada na NBA, Stephen Curry dá o troco nos críticos

Menosprezado por ter vindo de escolas sem tradição, armador alcança auge da carreira

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As piadas sobre o molho curry já perderam a graça. Naturalmente. Afinal, não se fala de outro assunto há semanas, mas por causa de Stephen Curry, o MVP (jogador mais valioso) da temporada 2014/2015 da NBA. O melhor atleta do Golden State Warriors, o time campeão da principal liga de basquete do mundo. Até havia assuntos alternativos, como LeBron James, Klay Thompson, James Harden. Tudo pano de fundo para a história do armador, de 27 anos, que chegou a ser desacreditado.

[SAIBAMAIS]Durante toda a carreira, Steph ouviu comentários desencorajadores. Ou era muito baixo (1,91m), ou muito leve, ou franzino, ou era procedente de escolas pequenas e incapazes de produzir alguém importante para a NBA. Imagine só: alguém outrora tão mal-afamado recebeu, em um período de 24 horas, quase 470 mil citações no Twitter. Só ele, e não o campeão, Golden State Warriors, cujo jejum de títulos que durava 40 anos acabou na madrugada de ontem, ao fechar a série final por 4 x 2 sobre o Cleveland Cavaliers.

Steph nasceu em Akron, Ohio, cidade de menos de 200 mil habitantes que é a terra natal também do astro LeBron James, 30 anos. Impossível saber o que põem na água da cidade. Conhece-se, apenas, a fama do lugar, berço de dois dos maiores nomes da NBA.

O futuro armador veio ao mundo antes dos irmãos Sydel e Seth. Filho de Dell, draftado pelo Utah Jazz em 1986, e Sonya Curry, ex-jogadora de vôlei, Steph conheceu a vida nômade esportiva do pai desde cedo. Aos 5 anos, mudou-se para Charlotte, onde Dell defendeu os Hornets. Mesmo integrante do hall da fama de Virginia, desde 2004, o pai do astro não conquistou nenhum título nas 16 temporadas na NBA.

Atento aos movimentos de Dell a partir dos 5 anos, Steph começou a jogar basquete em 1999, na Queensway Christian College, em Etobicoke (Canadá). Há um vídeo na internet em que os Curry se enfrentam em um jogo amistoso, no ginásio da escola. O pai defendia o Toronto Raptors. Claramente acima da média, o filho aparece dando até passes pelas costas.

Três anos depois, aos 14, Wardell Stephen Curry II (ele não é Steph Jr., mas Steph Segundo) foi para o ensino médio — high school, nos Estados Unidos — e defendeu o Charlotte Christian. A carreira continuou na faculdade de Davidson.

Maestro em quadra

Stephen Curry conheceu o lado dos coadjuvantes até se tornar o nome da NBA. Em 2009, atuando por Davidson, se inscreveu no draft. O Golden State Warriors o selecionou na sétima escolha geral — são 60. Dois anos depois, operou o tornozelo direito. Ladeira abaixo, o armador viveu uma temporada problemática em 2012, quando série de lesões o permitiram atuar apenas 26 vezes em 66 jogos da franquia. Os Warriors temeram pela aposta feita nele.

O MVP de 2015 deu as caras para valer em 2013, quando quebrou o recorde de cestas de três pontos em uma temporada da NBA, com 272. No ano da Copa do Mundo do Brasil, Dell viu o filho ser eleito para o All Star Game pela primeira vez. Curry começou a subir os degraus e logo se viu atrás de LeBron James, considerado o melhor da atualidade.

“Vivo um momento tão especial e único que não tenho palavras para descrevê-lo”, disse ele em coletiva de imprensa pós-título. Steph se tornou o terceiro armador na história da NBA a ganhar o prêmio de MVP e o título de campeão na mesma temporada. Antes, a honraria pertencia apenas a Bob Cousy (1956/1957) e a Magic Johnson (1986/1987).

“Estatísticas não importam. Os caras fazem ótimas séries, e todas essas pessoas noticiam e os põem em seus lugares na história com aqueles números e tudo mais. Mas, no fim do dia, o que importa é vencer e fazer o que puder para ajudar seu time”, minimizou, ao Yahoo Sports.

Ainda à frente da equipe de faculdade de Steph, Bob McKillop não se surpreende com o pupilo. Em recente entrevista ao Charlotte Observer, o técnico notou que, sem dúvida, a maior evolução de Curry foi o drible. “Ele virou um maestro com a bola nas mãos. Um mágico. Não acho que ele seja tão bom quanto ainda será”, decretou.

Presente de US$ 8 mil

A família toda se envolveu. A pequena Riley Curry, de 2 anos, foi convidada pelo pai a sentar-se em seu colo na coletiva de imprensa quando os Warriors venceram a Conferência Oeste. O resultado foi hilário. Ela se escondeu embaixo da mesa, bocejou, acenou, tomou o microfone. Alguns jornalistas se irritaram com o fim da sisudez das entrevistas.

Sempre à beira da quadra, Riley imita o gesto característico do pai, com batidas no peito com a mão direita fechada. Stephen se derrete em sorrisos. “Isso é que é tão divertido e bonito, não é nada coreografado ou pré-combinado. Amamos a vida e ver as pessoas se divertindo”, disse a mãe de Steph, Sonya Curry, à ESPN.

Não foi só o bom humor de Sonya, 48 anos, que conquistou os fãs da NBA. O excesso de elogios à beleza da sra. Curry tirou o armador do sério. “Obviamente, ela é uma bela senhora, e acho que a maçã não cai muito longe da árvore. Ela sempre atrai a atenção da tevê quando vem acompanhar meus jogos e do meu irmão. Apenas sejam respeitosos sobre isso. Vocês não precisam ficar falando muita porcaria”, retrucou o filho ciumento.

A “obrigação” de se tornar um atleta de alto nível virou aposta entre Steph e Sonya. A cada três erros em quadra, ele deve US$ 100 à mãe. Ao fim da temporada, esse valor é somado, e o filho paga a dívida em forma de presentes. Hoje, Curry “deve” US$ 8.275 a Sonya. Com esse dinheiro, o MVP poderia comprar uma televisão de 85 polegadas, de tecnologia 4K. Nela, a ex-jogadora de vôlei teria a oportunidade de assistir aos melhores momentos do filho, que não são poucos.

O ano de Curry

Temporada regular (80 jogos)
23,8 pontos
7,7 assistências
4,3 rebotes

Play-offs (21 jogos)
28,3 pontos
6,4 assistências
5 rebotes