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Alceu Valença leva seu bloco 'Bicho Maluco Beleza' para Rua da Aurora

Ícone da música brasileira puxa seu bloco pela primeira vez no Recife, ao lado do seu filho caçula Juba, da diva Elba Ramalho e do talentoso Martins


Muito antes das multidões e dos grandes palcos, Alceu Valença era apenas um menino de São Bento do Una, no Agreste pernambucano, que subiu em um banquinho para cantar seu primeiro frevo numa competição. Entre olhares atentos e aplausos tímidos, Alceu não venceu a disputa, mas aquele momento foi o prelúdio de uma trajetória que o tornaria um dos grandes nomes da música brasileira. No próximo domingo, o icônico cantor acrescenta novas cores à folia do Recife com a estreia do bloco Bicho Maluco Beleza, ao lado dos seus conterrâneos e no carnaval que o consagrou.

Desde 2015, o bloco transforma São Paulo em um pedacinho de Pernambuco, mostrando como se faz um verdadeiro arrastão do frevo. E ninguém mais qualificado para essa missão do que o mestre Alceu Valença. “Isso é algo que sempre defendi: preservar e enaltecer a cultura do meu estado. Quando estou em São Paulo, faço questão de falar sobre as nossas tradições pernambucanas”, reforça em conversa exclusiva com o Viver. Vale destacar que o Bicho Maluco Beleza, fundado em Olinda no ano de 1992, segue a seduzir foliões de todos os gêneros e idades pelas ladeiras históricas, munido de seu “estandarte tão raro” que o artista plástico Bajado criou.

Partindo da Rua da Aurora, o desfile contará com a presença de jovens talentos como Martins, Madu e Juba, filho caçula do cantor, além da diva Elba Ramalho, por quem Alceu tem imensa admiração. “Vai ser uma experiência maravilhosa, sem dúvida, porque ela tem o frevo no DNA, e foi por isso que a convidei”, exalta. A Nação do Maracatu Encanto do Pina, a troça carnavalesca Abanadores do Arruda e os caboclinhos da Tribo Indígena Carijós completam o cortejo.

Embora tenha nascido em um ambiente mais próximo do forró, as influências que cercaram o "bicho maluco beleza" tornaram seu destino de fervura quase inevitável ao chegar ao Recife. Na Rua dos Palmares, onde morava, de um lado da vizinhança estava o maestro Nelson Ferreira, e do outro, o poeta Carlos Pena Filho. Nesse cenário, desfilavam maracatus, caboclinhos, passistas de frevo e blocos líricos, formando uma atmosfera de tradição que ele vivia intensamente. “Eu costumava chamar nossa rua de ‘carnavalódromo’”, brinca o cantor. 

Desde sua estreia fonográfica em 1972, no disco Quadrafônico, dividido com Geraldo Azevedo, o frevo se faz presente. Em 1975, Alceu lançou o compacto O Homem da Meia-Noite, um frevo que se tornaria um clássico do carnaval pernambucano. A música, fruto da parceria com o saudoso mestre Carlos Fernando, compositor e idealizador do projeto Asas da América, que surgiria anos depois, trazia elementos inovadores que apontavam para uma renovação do ritmo. 

Inspirado em Carlos Fernando, J. Michiles e outros compositores que deram cara e cor à nossa folia, Alceu Valença mostrou no álbum Bicho Maluco Beleza – É Carnaval, lançado em 2024, que é possível manter a tradição e o ponto de fervura, ao mesmo tempo que traz inovações. “Tradicional não significa coisa velha. Precisamos apoiar essas manifestações que são carnavalescas e tradicionais. Não sou eu quem digo, é a essência da nossa cultura”, afirma, categórico.
 
Eterno devoto do frevo, o cantor convoca seus súditos para celebrar a estreia do bloco em solo recifense a partir das 15h, de forma gratuita, na altura da Rua Capitão "Ninguém se fantasia como o recifense, e eu quero ver o povo todo fantasiado. Já que estamos em plena época de Momo, a ordem do rei Alceu Valença é deixar aflorar o "bicho maluco beleza" que existe em cada um. 

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