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Livro de poesias 'Secos e Turvos', de Alexsandro Souto Maior, ganha lançamento no Museu do Estado

Publicação da Companhia Editora de Pernambuco traz diálogo lírico com a obra canônica 'Os sertões', de Euclides da Cunha

Um dos mais violentos conflitos da história brasileira foi imortalizado em formato de livro-reportagem por Euclides da Cunha em 1902 e acaba de ganhar novos contornos líricos que reiteram seu impacto na nação. Enquanto Os sertões, obra canônica dividida em três partes – ‘A terra’, ‘O homem’ e ‘A luta’ –, narra o conflito armado da Guerra de Canudos, ocorrido no interior da Bahia entre 1896 e 1897, e a liderança do missionário Antônio Conselheiro, o livro de poemas Secos e turvos, do escritor e professor pernambucano Alexsandro Souto Maior lançado, lançado na tarde de ontem no Museu do Estado, nas Graças, pela Companhia Editora de Pernambuco.

Ecoando a paisagem, a terra árida e a esperança do homem do sertanejo através dos seus versos, o autor, mestre em Estudos Literários, ator e diretor de teatro, volta aos fatos com um olhar atento e criterioso que percorre os cenários desse conflito sangrento que resultou em milhares de sertanejos mortos. Fruto de anos de pesquisa, Secos e turvos utiliza a iconografia e atmosfera da sua fonte principal inclusive na disposição em zigue-zague dos versos, nas quebras rítmicas e nas lacunas deliberadas que compõem suas 112 páginas e cinco capítulos, parafraseando a obra original em seus títulos.


O escritor comentou ainda sobre a crucialidade da verdadeira historicização detalhada para que possamos entender o agora a partir de horrores do passado. “Hoje vivemos uma guerra de revisões históricas. Há aquelas que trazem à tona documentos e fatos ocultados, ignorados propositalmente pela história oficial do país e que hoje são argumentos para ações afirmativas de grupos sociais. Há também aqueles que buscam revisar a nossa história a ponto de afirmar que não houve ditatura militar no Brasil, por exemplo, que não tem compromisso com a verdade e refletem um propósito de manutenção de um poder. Precisamos perceber como a força daquele Brasil republicano tinha a Igreja como aliada e ecoa muito na governabilidade hoje essa dependência de instituições religiosas que contrariam a constitucionalidade de um país laico. Precisamos lembrar de nossos absurdos para que inventemos o Brasil que queremos como, disse Darcy Ribeiro em O povo brasileiro. A poesia deve ser também um instrumento para ler, pensar e se indignar com a história”, concluiu.

Souto Maior também é autor do livro de poesias A seiva (2019) e, como dramaturgo, venceu o Prêmio Literário Cidade de Manaus com a peça Mariano, irmão meu (2011) e o Prêmio Ariano Suassuna, com as obras Tempo de flor (2018) e O misterioso casarão de dona Niná (2020).

Leia a notícia no Diario de Pernambuco