Dirigido por Fabio Meira (do aclamado Tia Virgínia) e refletindo o anseio por fazer cinema a partir da interseção entre ficção e documentário, Mambembe, que conta com uma parcela muito importante de Pernambuco dentro dele, está na programação da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e ainda não tem data de estreia nos cinemas.
Projeto que usa a metalinguagem para falar sobre o próprio processo de sua produção, o longa coloca em discussão diante do próprio espectador as maneiras com que ele poderia ter sido feito, com o diretor entrevistando seus personagens para que eles sugiram caminhos e possibilidades narrativas e performáticas.
Embora não haja nada de novo na estrutura ou no dispositivo do documentário, o cineasta encontra beleza e humor suficiente em cada uma dessas personagens para fazer suas jornadas bastante cinematográficas. A narração completa algumas informações, mas nunca se torna impositiva ou intrusiva e a trilha sonora surge como uma adição igualmente pertinente, sem manipulações emocionais até esperadas para algumas das falas.
Em um dado momento no filme, é revelado para as mulheres algumas imagens feitas com elas muitos anos antes (uma dessas cenas passadas na Casa da Cultura). Este é um momento ao mesmo tempo de melancolia e de catarse: imaginamos o filme de ficção que poderia existir a partir dessas figuras e histórias, por um lado, mas, por outro, celebramos a beleza de ver personagens reais tão fascinantes dando vida em tela às suas próprias narrativas.
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