° / °

Ícone do artesanato pernambucano, Mestra Luiza dos Tatus morre aos 64 anos

Artista se destacou pelas representações em cerâmica de bichos da fauna

Por

Mestra Luiza dos Tatus faleceu nesta terça-feira (24), aos 64 anos, devido a uma parada cardiorrespiratória, enquanto trabalhava, no Sítio Rodrigues, distrito de Água Fria, no município de Belo Jardim, Agreste pernambucano.
 
Nascida Luiza Maria da Silva, em 6 de janeiro de 1959, Luiza dos Tatus ficou assim conhecida pelas representações em cerâmica de bichos da fauna de onde vivia - os tatus, sobretudo, mas também tartarugas, cobras, lagartixas e iguanas. O corpo da artesã é velado em sua residência e foi sepultado às 17h desta quarta-feira (25), no cemitério do distrito de Água Fria.

Sua criação começou a se materializar no barro quando ainda era criança, aos 9 anos, como loiceira, herdeira de mulheres que por gerações preservam o ofício. Da fabricação de utilitários para os bichos que agora a eternizam, Luiza dos Tatus expandiu seu trabalho por orientação da artista Ana Veloso, em meados dos anos 2000, e então a sua obra se espalhou.

O talento de Luiza dos Tatus conquistou um reconhecimento sem fronteiras. E contribuiu para o desenvolvimento de sua família e de sua comunidade; também para a consolidação de Belo Jardim enquanto território criativo na arte cerâmica; e ainda para a sofisticação lúdica e plural do Artesanato de Pernambuco. Em 2020, recebeu o título de mestra.

A 23ª Fenearte, realizada em julho deste ano, dedicou à Mestra Luiza dos Tatus um de seus vídeos. Com a graça e a ternura que acompanhavam seu talento, ela contou que nutria o sonho de participar da feira, até conseguir, em 2011, quando diz ter se sentido uma criança, perdida na imensidão do evento, mas encontrando-se: “Isso aqui [a Fenearte] fez eu me reconhecer. Eu não sabia o que era uma artesã. Não sabia se era a peça ou se era eu. Mas, graças a Deus, agora eu sei que sou eu a artesã e a artista das minhas peças.”

“A morte de Mestra Luiza dos Tatus nos entristece muito, mas nos leva também a enaltecer a sua existência e a sua trajetória. Com os tatus, a artesã nos conectou - e permanecerá a nos conectar - com a nossa própria terra. O artesanato tem a especialidade de representar, com beleza e de forma singela, quem somos e o que é nosso, e Mestra Luiza contribuiu para isso, com alegria, sensibilidade, talento e uma dedicação de mais de 50 anos. Sua obra não passará e nos impulsiona a fazer cada vez mais pelo Artesanato de Pernambuco”, diz Camila Bandeira, diretora-geral de Promoção da Economia Criativa da ADEPE.