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Um papo com Mauricio de Sousa
São Paulo - Uma das presenças mais importantes da 26ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, encerrada na última semana e com presença do Diario de Pernambuco, foi a de Mauricio de Sousa, que participou de entrevistas, encontro com o público e autografou livros para fãs. O evento contou com vários lançamentos importantes com o selo do autor e passados no universo da Turma da Mônica, como Medo assim eu nunca senti, de Manuel Filho, Pequeno manual do meio ambiente: Ecologia, biomas do Brasil para crianças, de Nina Nazario, e Junto e misturado, de Paula Furtado, lançados pela editora Girassol.
Há algum tempo também produzindo obras fora dos seus personagens icônicos e ilustrando no período da madrugada através de retoques, Mauricio, aos 86 anos, contou para o Viver algumas curiosidades sobre seu trabalho, sobre a carreira e sobre como enxerga o poder e os valores da literatura para as crianças atualmente.
ENTREVISTA - Mauricio de Sousa // cartunista, empresário e escritor
Quais valores do universo da Turma da Mônica você acha mais fundamentais de serem mantidos nos seus trabalhos e ilustrações fora dele?
Nosso primeiro objetivo é a diversão e lazer que nossas historinhas trazem às crianças, mas sabemos que também somos importantes no estímulo à leitura e até à alfabetização de milhões delas, como aconteceu comigo mesmo, que dos 4 para 5 anos aprendi a ler alfabetizado pela minha mãe para poder ler meus gibis. Anos depois, já jovem, lia um livro por dia. Hoje em dia, em cada encontro com os leitores e fãs sempre pergunto e peço que levantem a mão quem aprendeu a ler com a Turma da Mônica e todos levantam as mãos. Como aconteceu neste encontro que houve nesta Bienal. Essa é minha medalha no peito.
Após tantas Bienais, como você se sente nesse retorno passada a fase crítica da pandemia?
A energia de um encontro destes e vendo nas filas a grande maioria de jovens nos deixa mais alegres e esperançosos com relação ao futuro da literatura. Muitos serão escritores e ajudarão a aumentar o número de leitores também. Portanto esta primeira Bienal de São Paulo presencial depois desse período é o que faltava para nos animar a produzir mais e cada vez melhor.
Quais as mudanças, se elas existirem, que você mais notou nas crianças ao longo das décadas de trabalho?
Ser criança é um estado de espírito. Todas, em todos os tempos, são curiosas e adoram brincar para aprender se divertindo. O que muda é a forma de comunicação. Hoje, por exemplo, as plataformas de comunicação se diversificaram. Mas vejo que o que importa mais é o conteúdo. Por isso, apesar de muitos dizerem que as crianças estão abandonando a leitura de impressos pelo virtual, eu sou prova viva de que milhões ainda gostam de ler em revistas e até colecioná-las em casa. Porque livro ou revista podem ser abraçados junto ao peito. No virtual isso é impossível porque o que está na nuvem é de todo mundo.
O que, para você, faz a Turma da Mônica tão atemporal?
Creio que ao criar personagens, muitos baseados em pessoas reais, fez com que houvesse uma sintonia com o público que se identificou imediatamente com eles. Afinal quem não conhece alguém como a Mônica ou como o Cebolinha? E também temos sempre que mostrar alguma criatividade para não pararmos no tempo e espaço. Estamos antenados na linguagem das crianças no aqui e agora e as redes sociais ajudaram nesse contato mais imediato.
O que há de mais transformador na experiência literária?
Creio que ao criar personagens, muitos baseados em pessoas reais, fez com que houvesse uma sintonia com o público que se identificou imediatamente com eles. Afinal quem não conhece vSSalguém como a Mônica ou como o Cebolinha? E também temos sempre que mostrar alguma criatividade para não pararmos no tempo e espaço. Estamos antenados na linguagem das crianças no aqui e agora e as redes sociais ajudaram nesse contato mais imediato.