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Devotos lança novo disco mergulhando no diálogo entre o punk e o reggae

Desde 1988, a Devotos, do Alto José do Pinho, grita por transformação social, mas faz esse coro ser carregado pelas mais diversas, originais e inventivas texturas sonoras. Tendo o punk hardcore como base, o trio formado pelo baixista e vocalista Cannibal, o guitarrista  Neilton e o baterista Celo Brown nunca se prendeu à repetição, buscando se aproximar de samples, batidas, e grooves, sem fazer com que um disco soe igual ao outro. Em suas pesquisas, com direito a muito Bad Brains, The Clash e Gregory Isaacs em sua discografia, a banda via o reggae como uma irmã do punk, tanto em intensidade sonora, como nos gritos por justiça. 

É embalado por essa tônica que eles lançam o disco Punk Reggae, lançado nesta quarta-feira, trazendo releituras de canções com a conversa entre o peso e a velocidade do hardcore com o groove e a agitação do ritmo jamaicano. Com ajuda de Pedro Diniz para conceber os arranjos, eles selecionaram músicas da banda que já estabeleciam essa conversa e buscaram aprofundar ainda mais a levada do reggae, mas sem ignorar o hardcore. 

Capa do disco, elaborada por Neilton

“É muito mais fácil quando se trata de pegar músicas de outros artistas para fazermos nossas versões. Mas pegar nossas criações e desconstruí-las é muito diferente, você quebra muito mais a cabeça. A parte dos arranjos acabou sendo muito facilitado pelo trabalho de Pedrinho, mas tocá-las desse novo jeito nos faz sempre ficar pensando se está ficando bom mesmo ou se há um outro jeito melhor. Mas é isso, sempre fomos uma banda que buscou sair da zona de conforto, ser sempre original. Alguém pode ouvir um disco nosso e dizer que não gostou, mas nunca que nosso trabalho está parecido com o de alguém ou está com uma sonoridade repetida”, elabora Cannibal. 

O trabalho conta com participações especialíssimas, com colaborações com Chico César, Isaar e Criolo, artistas que possuem ligações pessoais com os membros da Devotos, assim como também são fãs e ídolos do trabalho do grupo do Alto Zé do Pinho. O disco foi gravado no ano passado e só teve dois ensaios antes de entrarem no estúdio, pois a banda ainda tinha muitos receios com a situação da pandemia no país, o que fez as participações especiais, exceto Isaar, serem gravadas remotamente, fora dos estúdios. “Era um momento que a gente não queria ficar parado, mas também estávamos ainda muito focados em sobreviver e ajudar como podíamos”, relembra o músico. Agora, eles se sentem mais tranquilos quanto aos reencontros e pretendem muito em breve trazer o novo trabalho para o ao vivo, acompanhados de uma grande banda para trazer as experimentações bem sucedidas do Punk Reggae. 

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