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Alice Vinagre faz releitura de sua carreira em exposição na galeria Janete Costa
Vivendo no Recife há cerca de 20 anos, a paraibana Alice Vinagre abre, neste sábado (9), das 15h às 19h, a exposição Trilhas (ou Cisco no olho, tampão no ouvido), na galeria Janete Costa, no Parque Dona Lindu. A mostra, que tem o incentivo do Funcultura e curadoria de Adolfo Montejo Navas, constrói uma narrativa visual que passa por produções suas de vários períodos, algumas já exibidas no Recife, outras inéditas e algumas pensadas diretamente para serem exibidos no espaço da galeria. Serão 55 obras que vão permitir ao público mergulhar nos temas propostos pela artista.
Anotações sobre o Céu, por exemplo, é um trabalho inédito no Recife, produzido em 2005. Trata-se de um grupo de 39 pinturas em formato redondo, feitas em papel vegetal, tinta acrílica e caneta prateada, formados a partir do uso de bastidores. Nesses círculos, a artista traz o azul e suas nuances com suas impressões sobre o céu. Essa constelação montada por esses círculos levou o curador Adolfo Montejo Navas a compor um poema que será colocado ao lado das obras. “Quando começamos a conversar sobre a mostra achamos que seria interessante pensá-la a partir da ideia dos quatro elementos (terra, fogo, água e ar), que de algum modo estão sempre evidenciadas em meus trabalhos”, pontua Alice.
Segundo o curador, a exposição não deve ser entendida como uma retrospectiva do trabalho de Alice, mas uma releitura. “Essa exposição tem muitas coisas novas, muitas redefinições críticas, feitas inclusive pela própria artista. Trabalho antigos ganham uma nova leitura em 2021, são novas variações combinatórias que nos abrem outros caminhos de leitura e aproximação com as obras”, destaca Adolfo.
Nesse processo, a expografia foi pensada não em ordem cronológica, mas tendo como norte os elementos fogo, terra, água e ar. Assim, trabalhos datados do início da carreira de Alice (como as aquarelas dos paraquedistas de 1996/1997) passam a dialogar com outros mais recentes, mostrando que algumas questões sempre permearam sua poética, tais como elementos da mitologia, da simbologia, da espiritualidade e de um ambiente transcendental.
A pintura de Alice Vinagre carrega aspectos da “nova pintura no Brasil”, aquela surgida na década de 1980, chamada Geração 80, cuja movimentação fez a pintura renascer no país. Esse grupo entendia a pintura como algo que ia além das telas, se expandia. Buscavam outros materiais, suportes distintos, novos formatos e dimensões. Alice não fez diferente: apesar de também fazer uso de diferentes meios e linguagens em sua produção, tais como desenho, fotografia, instalação e vídeo, foi pela pintura e suas maneiras e formas de expansão que a artista se interessou com maior dedicação.
Para o curador, Alice é um dos grandes nomes dessa geração de pintores brasileiros, mas que só não teve uma maior projeção por desenvolver seu trabalho fora do eixo Rio-São Paulo. “Seu trabalho é bastante singular, tem uma potência enorme. Expande a pintura, novos formatos, uma preocupação com a construção, com questões arquitetônicas. Sua pintura compartilha um lado onírico e outro telúrico”, diz Adolfo.
SERVIÇO:
Exposição Trilhas (ou Cisco no olho, tampão no ouvido), de Alice Vinagre
Quando: Abertura neste sábado (9), das 15h às 19h
Visitação: De 10 de outubro de 2021 a 5 de fevereiro de 2022
Onde: Galeria Janete Costa – Parque Dona Lindu