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Com piseiro, forró, funk e brega-funk estão cada vez mais próximos

Streaming e redes sociais potencializam a transformação dos ritmos e expandem as mudanças nas quais o forró atravessa com o maior viral do país na atualidade, a pisadinha

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Foto: Mario Andrade/Maflicks
Xand, DJ Ivis e JS O Mão de Ouro no clipe de Vai Sentar no Pai

Imagine um paredão de som tocando forró estilizado, brega-funk e outros batidões solares da região em alguma cidade entre o interior e o litoral do Nordeste. Chegará um momento em que as canções da festa vão misturar todas essas sonoridades, tornando cada vez mais desafiador apontar qual o gênero musical. O que ocorre no paredão é um sintoma, pois é no digital que esse caldeirão está em ebulição. As dinâmicas do streaming e das redes sociais têm potencializado uma constante transformação dos ritmos e salta aos ouvidos as mudanças que o forró vem passando com a tendência da pisadinha, ou piseiro.

Essa vertente do forró surgiu em meados dos anos 2000, sendo marcada pela maior presença de teclados - que baratearam os custos de produção para shows - e pelo sucesso nos paredões. Em 2020, a pisadinha virou fenômeno no streaming e tornou o forró, ritmo sempre em alta no Nordeste, uma tendência na música pop nacional. Mas, para alcançar essa posição, o ritmo negociou bastante com um outro gênero representativo dos nossos tempos: o funk. Isso ocorreu na exploração de batidas eletrônicas, temáticas e inserção de refrões cantados por MCs. É o mesmo que ocorre com o brega-funk, natural de Pernambuco.

Embora alguns nomes tenham levantado a bandeira no início da tendência, como Barões da Pisadinha, Biu do Piseiro e Zé Vaqueiro, essas particularidades da pisadinha hoje estão diluídas nos trabalhos de vários artistas. Xand Avião, que tem um legado o forró eletrônico por conta da Aviões do Forró, é um exemplo. Há três meses, ele lançou a faixa Não pode se apaixonar, forró que tem refrão de funk cantando por MC Danny (prática que no brega-funk é chamada de 'acapela') e produção musical de DJ Ivis. No clipe, um cenário urbano futurístico agrega paredões, cores neons e coreografias ligadas ao funk.