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Projeto promove formação audiovisual gratuita para povos indígenas em Pernambuco

A terceira edição do projeto Cinema de Índio de formação em audiovisual tem início nesta segunda-feira (1º), com oficina gratuita voltada para indígenas, maiores de 16 anos, integrantes de 12 etnias existentes em Pernambuco. A oficina tem duração de três semanas e segue até 15 de março, com foco na elaboração e gestão de projetos audiovisuais e abordará ainda questões como cineclubismo, roteiro e aspectos artísticos de uma obra audiovisual. Ao todo, serão 21 horas de aula e mais 26 horas destinadas, exclusivamente, à tutoria dos participantes proponentes de projetos audiovisuais.
O principal objetivo é amplificar as vozes dos povos indígenas, através de filmes produzidos por eles mesmos. "A nossa ideia é investir na formação dos participantes, para que eles mesmos elaborem, com mais propriedade, seus projetos audiovisuais e concorram em editais. É uma oportunidade para que jovens indígenas possam fazer arte, retratar sua cultura e ainda ter uma nova fonte de renda, além disso queremos estimular o cineclubismo nas aldeias, tão necessário para quem deseja trabalhar na área do audiovisual", explica Carla Francine, produtora executiva e pedagógica do projeto.
Devido à pandemia, pela primeira vez o projeto realiza uma edição online, diferencial que permitiu a ampliação e diversidade do público e que resultou em 98 inscrições de povos indígenas e ainda de cinco povos quilombolas. “O formato online nos permitiu contemplar novos alunos, de etnias que até então não haviam sido atingidas pelo projeto, bem como trazer ex-participantes para uma reciclagem de conhecimentos”, afirma Francine, ressaltando que os novos alunos passarão a integrar também na Rede de Audiovisual Indígena Pernambucano, criada em 2018 pelos alunos da primeira edição do projeto com o objetivo de fortalecer laços, discursos e culturas, contando, atualmente, com mais de 230 integrantes.
Vale ressaltar que a equipe que realiza essa edição do Cinema de Índio é composta, em sua grande maioria, por indígenas. A oficina, que inicialmente previa 60 alunos, selecionou 88 para esta edição. Apesar de contemplar essencialmente jovens indígenas, 20% das vagas da oficina foram reservadas para quilombolas, a pedido deles e através de oficineiros e indígenas.
“Falar desse projeto é falar da construção e realização de uma ação que leva sonhos, luta e também esperanças para as comunidades indígenas de Pernambuco. É um prazer enorme estar vivenciando esse projeto que acompanho desde sua primeira edição. Cada edição é uma nova emoção e nesta não é diferente, ainda mais estando em um período tão adverso como o que estamos vivenciando. Viva a produção originária! Vida longa ao Cinema de Índio”, celebra Graci Guarani, uma das oficineiras do projeto.
O projeto é realizado pela Casa de Cinema de Olinda, com apoio da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme) e incentivo da Lei Aldir Blanc, Fundarpe e Secretaria de Cultura de Pernambuco.