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Artista recifense busca tensionar as relações de vida e poder em nova exposição

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Fotos: Danilo Galvão/Divulgação
O trabalho segue em cartaz até este sábado na estante virtual da Galeria Maumau, no Instagram @maumaugaleria

"Centelha reforça a ação performativa como modo de existência e frisa que ações diárias, cotidianas e inseparáveis da vida ordinária e comum, engendram escolhas e universos possíveis que instalam-se na fronteira entre as realidades e ficções", define a artista, dançarina e produtora cultural recifense Bruna Mascaro, em sua nova exposição, intitulada Centelha, em cartaz até este sábado na estante virtual da Galeria Maumau, no Instagram @maumaugaleria. A mostra consiste em uma série de ações performáticas, com imagens, vídeos e pequenos textos, e foi realizada com incentivo da Lei Aldir Blanc.

A exposição emerge da necessidade de tensionar as relações de vida e poder, das inquietações presentes no trabalho e na produtividade derivada do capitalismo e do patriarcado, além de lançar luz ao esgotamento e às crises pessoais. Para a artista, o trabalho narra "situações que circunscrevem minha existência em uma perspectiva de gênero e atuam como detonadores para criação de performances". E assim, vai além da função trivial, criando escapes contra o aniquilamento da própria existência, da subjetividade. As fotografias são de autoria de Danilo Galvão, o design é de Flávio Lima, o som é de Tai Ramos Leal e a produção é de Nemo Côrtes. O resultado exposto faz parte do projeto autoral Crise, palíndromo e outros devires.

A videoperformance dá o tom à exposição, apresentando uma cena de captura de pessoas, e, em sequência fotográfica, Bruna aparece introduzindo dezenas de fósforos na boca. Em outra imagem, a artista acende um fósforo próximo a outros, deixando um mistério aos espectadores: “Várias pessoas vieram me indagar se eu acendi ou não o fósforo, ou comentaram que gostariam de ter visto eu acendê-lo. Acho que Centelha diz muito sobre isso, sobre a necessidade de decepcionar as expectativas, de frustrar a projeção que esperam de nós”, analisa.

As obras deveriam ser expostas nos corredores da Galeria Maumau, na Zona Norte do Recife, um espaço reconhecido por abrigar as diversas linguagens da arte contemporânea. Mas, diante da crise sanitária, os trabalhos se converteram às telas e receberam novos recursos para funcionar dentro do contexto de museu virtual. “As plataformas digitais produzem aspectos atraentes, como as possibilidades de interação e imersão.”

Graduada em licenciatura em dança pela UFPE, Bruna atua como professora de dança do Sesc de Casa Amarela e integra a Coletiva, grupo de artes do corpo que trabalha com questões de gênero e sexualidade no espaço urbano através da performance. Desenvolve, há alguns anos, pesquisas artísticas em torno da conexão entre imagem e corpo em fotografias e vídeos.