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Daruê Malungo terá história revisitada em filme vencedor de concurso da Fundaj

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Foto: Celia Santos/Divulgação
Mestre de capoeira Meia-Noite, fundador do Centro Daruê Malungo.



O Centro de Educação e Cultura Daruê Malungo terá história revisitada em curta-metragem dirigido pelos recifenses Camilo Lourenço e Orun Santana. A dupla venceu a 14ª Edição do Concurso de Roteiros para Documentários Rucker Vieira, organizado pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), com o projeto Céu de Lua, Chão de Estrelas. O resultado divulgado nesta segunda-feira (24) premiou também o texto Cidades Invisíveis, do baiano Reinofy Borges. Os ganhadores transformarão seus roteiros em curta-metragem a partir de uma verba de R$ 80 mil, destinada para a produção dos filmes.

Neste ano, o concurso tem como tema As múltiplas faces do Brasil e concorreram projetos da Paraíba, Minas Gerais, Santa Catarina, Roraima, São Paulo e Rio de Janeiro. Promovido desde 2003, o certame proporciona a criação de produtos audiovisuais destinados à utilização em processos educacionais e estimula a produção independente de documentários, criando oportunidades de formação de público.

Vencedores

Para a dupla recifense Camilo Lourenço e Orun Santana, vencer o concurso traz uma perspectiva de revelar olhares plurais sobre a complexa realidade brasileira. O roteiro ganhador é inspirado nas provocações estéticas do espetáculo Meia noite, de Orun Santana. "O roteiro foi construído em cima da história do Centro Daruê Malungo, um lugar onde cresci e que faz parte da minha história. Para mim, para meus pais e para todas as comunidades, o vídeo é a criação de um documento artístico", explica Orun, que é filho do Mestre Meia Noite, fundador do Centro.



"Daruê faz parte da cultura pernambucana antes mesmo do movimento manguebeat e negro em Olinda e no Recife, como um sinônimo de resistência e da negritude. Também exploramos a relação do Daruê com o bairro de Chão de Estrelas, na Zona Norte do Recife e a realidade das periferias para o roteiro”, disse. 


Para Camilo Lourenço, o projeto busca captar e entender a atualidade através do movimento do corpo como resistência e afirmação cultural e identitária negra. Acredito que o cinema é capaz de expressar os não-ditos de histórias oficiais, já que, além de observacional, ele nos conduz por meio da subjetividade de corpos, espaços e temporalidades”, destaca.


Rucker
Vieira
O fotógrafo e cineasta pernambucano nasceu na cidade de Bom Conselho, no Agreste do estado e trabalhou na Fundação Joaquim Nabuco. Também foi diretor e um dos responsáveis pela criação da Filmoteca na década de 1970. No início da década de 1980, passou a ser Cinemateca da Fundaj, reconhecida nacionalmente principalmente pelo seu acervo sobre o Ciclo do Recife e o cinema pernambucano.