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Site colaborativo exibe espetáculos de teatro de forma gratuita

Uma das obras mais aclamadas do acervo é Incêndios, que conta com a atuação de Marieta Severo.

Trata-se de um projeto colaborativo, fruto da organização do produtor audiovisual carioca Eduardo Chamon. Ele trabalha em um ramo um pouco desconhecido tanto para o audiovisual, quanto para as artes cênicas: o teatro filmado. A partir de uma formação pautada no amor pelo teatro e da graduação em cinema, Eduardo encontrou um espaço para investir em um mercado pouco pensado no Brasil. “Eu comecei no teatro muito pequeno, ainda como ator. Dos 10 aos 20 anos, eu atuei no teatro. Quando fiz faculdade de cinema, percebi que tinha uma carência muito grande na qualidade de registros de peças na época. Eu mesmo não tenho nenhum registro bom de uma peça que eu atuei. Então, juntando essas noções, eu quis fazer uma produtora, Chamon Audiovisual, especializada para teatro.”

O processo de filmar uma obra do teatro é um exercício que envolve criar uma espécie de linguagem mista, muito pautada em tentar ao máximo levar a experiência de uma peça para o audiovisual. De antemão o teatro é naturalmente pensado a partir da efemeridade e do errático. “Eu gosto de pensar que é um documento de uma sessão, de um dia, porque cada sessão é única. Nenhum dia é igual ao outro”, explica. Outro desafio enfrentado é o orçamento de teatro, que não costuma ser alto.

Segundo Eduardo, para conduzir as produções, é necessário elaborá-las em três partes. A primeira é assistir o espetáculo, entender como funcionam as dinâmicas em cena. A segunda é filmar, tentando ao máximo conseguiro material mais essencial - e um palco italiano geralmente envolve a dinâmica básica de filmagem, que é o plano e contraplano. Por fim, o produtor conta que o trabalho da edição vai dar o acabamento à narrativa da história, sempre em coerência com o que foi apresentado ao vivo.
 
Mesmo envolvendo camadas de logística e uma relação mista entre as linguagens do cinema e do teatro, Eduardo compreende a experiência como um possível arquivo, mas que nunca chegará aos mesmos efeitos da obra original. “Eu entendo o espaço do teatro como um lugar sagrado, um templo. Então envolve muito respeito, eu participo do processo, penso em como contar aquela história também através das câmeras. E criamos uma regra de tentar ser invisível para o público. Filmar o teatro é uma das coisas mais contraditórias que se possa fazer, então tudo que a gente faz é ir na contramão e encontrar meios para que seja parecida, porque nunca vai se comparar, é mais como uma abordagem em vídeo sobre uma outra obra”, explica.

Entre as obras do acervo está um musical sobre os Mamonas Assassinas.

Guanabara Canibal (2017)
Texto: Pedro Kosovski
Direção: Marco André Nunes
Elenco: Carolina Virguez, Matheus Macena, Reinaldo Junior, João Lucas Romero e Zaion Salomão
Músicos: Pedro Leal David e Anderson Maia

Maria do Caritó (2010)
Texto: Newton Moreno
Direção: João Fonseca
Elenco: Lilia Cabral, Leopoldo Pacheco, Fernando Neves, Silvia Poggetti e Dani Barros

O frenético Dancin’ Days (2018)
Texto: Nelson Motta e Patrícia Andrade
Direção Geral: Deborah Colker
Elenco: Stella Miranda, Bruno Fraga, André Ramiro, Cadu Fávero, Franco Kuster, Larissa Venturini, Ariane Souza, Gabriel Manita, Natasha Jascalevich

O Musical Mamonas 
Texto; Walter Daguerre
Direção: José Possi Neto
Elenco: Ruy Brissac , Adriano Tunes,  Yudi Tamashiro, Elcio Bonazzi, Arthur Ienzura, Rafael Aragao

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