As denúncias de censuras e intimidações por parte de policiais militares em shows durante o carnaval do Recife estão sendo investigadas pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE). O órgão abriu inquérito civil para apurar as “possíveis violações à cultura da população e à liberdade de expressão e artística dos músicos”. A banda paraibana Janete Saiu Para Beber e a pernambucana Devotos relataram ameças de PMs por tocarem músicas de Chico Science & Nação Zumbi - uma delas, Banditismo por uma questão de classe (do disco Afrociberdelia, de 1996), tem o seguinte trecho: “Em cada morro uma história diferente / que a polícia mata gente inocente”.
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Ministério Público investiga denúncia de censura da PM a bandas no carnaval do Recife
Janete Saiu Para Beber foi a primeira a se manifestar sobre o caso de censura. A banda tocava na Rua do Apolo, no Bairro do Recife, na segunda-feira de carnaval, quando houve o episódio. "No início da apresentação, um grupo de policiais militares que estava circulando parou e ficou observando o show. Algumas das canções entoadas (entre elas Banditismo) irritaram alguns dos policiais presentes, que foram questionar a produção do evento sobre o teor dessas músicas", diz a nota emitida na quarta de Cinzas.
“Por conta disso, os policiais que estavam dialogando com os produtores ameaçaram prender o vocalista por desacato a autoridade e injúria e pediram o encerramento imediato da apresentação. Enquanto os policiais que permaneceram na frente da casa formaram uma barreira entre o palco e o público, intimidando todos os presentes”, continua o texto.
Ao Viver, o vocalista do Devotos, Cannibal, confirmou as ameaças sofridas durante apresentação no polo da Várzea, também na noite de segunda. “Estávamos cantando Banditismo e depois De andada, do nosso último disco. Aí o nosso roadie veio no meu ouvido e disse que a produção mandou avisar que se cantasse mais uma ‘falando mal da polícia’, o show acabava”, comentou.
O cantor China se pronunciou nas redes sociais na última quarta-feira. “Final apoteótico com a polícia tentando encerrar o meu show na Lagoa do Araçá. Não sabia que era a polícia que cuidava do crono dos shows do carnaval”, criticou. Em entrevista ao Viver, o artista explica que os shows estavam atrasados, então a PM pressionou a produção para encurtar a apresentação. “Os policiais foram contidos pela minha empresária e produtora que não deixaram que invadissem a boca de cena. Caso contrário, as coisas poderiam ser bem diferentes. A forma como tudo aconteceu foi desrespeitosa com meu trabalho, minha equipe e o público que foi lá assistir meu show”, comentou.
China relatou que “são mais de 20 anos de carreira e nunca passei por uma situação dessas”. “Estamos fazendo nosso trabalho, ocupando espaços públicos, contratados pela prefeitura para levar música e cultura para todos. O quão perigoso é isso?”, questionou.
RESPOSTA
Em nota emitida logo após as denúncias, a PM afirmou que a intervenção no palco durante os shows se deu por motivos de horário e negou qualquer tipo de censura quanto às músicas.