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Referência no país, capista pernambucana Moema Cavalcanti tem trabalho reunido em livro
“Você pega tudo que tem no livro e transforma em uma coisa absolutamente simples. É isso que eu quero: fazer capas cada vez mais simples”, diz a designer pernambucana Moema Cavalcanti, de 77 anos, no texto de abertura de Moema Cavalcanti: Livre para voar, uma coletânea de obras de uma das mais importantes capistas de livro do Brasil. A publicação será lançada no Recife nesta quinta-feira (28), às 19h, na Casa do Derby, após estreia em outubro em São Paulo, onde Moema reside desde 1968. O lançamento custa R$ 100.
Idealizado por Moema, o livro é uma coedição da Cepe Editora com a Imprensa Oficial de São Paulo (Imesp) e reúne 200 peças de seu acervo de mais de duas mil produzidas em cinco décadas de atividade. Na capa, há uma referência clara às origens, com tons sóbrios e ilustrações do cordelista pernambucano J. Borges. Dividida em duas partes, a publicação apresenta, no início, as capas agrupadas por linguagens: materialidade, colagem, catálogos, ilustrações, fotografia, projeto gráfico e tipografia.
A classificação foi feita para aproximar o leitor dos caminhos trilhados por Moema em suas criações, e não feita sob uma rígida classificação. Também está presente nessa parte um conjunto de ilustrações produzidas pela artista para a revista Veja. As mensagens despretensiosas, mas afetivas que Moema enviava para a sua rede de amigos e familiares semanalmente batizam a segunda seção, intitulada Presentinhos de domingo.
Nos escritos, a designer se revela também como contadora de histórias. Após traçar todos os rumos do livro, Moema precisou se afastar da edição por problemas de saúde e os últimos retoques foram finalizados pelos organizadores Chico Homem de Melo, Raquel Matsushita e Silvia Massaro. “Eu tenho um acervo que fica no subconsciente. Um acervo visual, sensorial...”, explica Moema, no texto de apresentação de Livre para voar, refletindo sobre seu processo criativo, que é traduzido por uma estética cheia de sutilezas, muitas vezes se assemelhando a livros-objetos.
Com variedade temática, é difícil identificar repetições nas obras da artista. Moema fez capas para títulos como O homem máquina, de Adauto Novaes; Cavalo da noite, de Hermilo Borba Filho; Macunaíma, de Mário de Andrade; Expressionista, de Nelson Rodrigues e A máquina peluda, de Ademir Assunção. A designer assinou o projeto gráfico da Coleção Acervo Pernambucano e uma das edições em quatro volumes de O caso eu conto como o caso foi, de autoria de seu pai, Paulo Cavalcanti. Além do livro Eça de Queiroz, agitador do Brasil, também dele, com projeto gráfico de Moema.
Filha do jornalista, historiador e líder comunista Paulo Cavalcanti e da costureira Maria Ofélia, Moema aprendeu a confeccionar as próprias roupas. Esses ensinamentos a levaram para o teatro, onde atuou como figurinista, cenógrafa e atriz. Formou-se em pedagogia na juventude e, em 1968, mudou-se para São Paulo para trabalhar em direção de arte na Editora Abril. Anos depois, criou seu próprio estúdio e trabalhou para algumas editoras, como a Brasiliense e a Companhia das Letras.
Na primeira metade da década de 1990, cinco de suas capas receberam indicação ao Prêmio Jabuti e algumas foram vencedoras. Em 2008, ela conquistou o prêmio com a capa de Ensaios sobre o medo, organizados por Adauto Novaes. O escritório de Moema segue em pleno funcionamento no campo do design gráfico até hoje, com o auxílio de Silvia Massaro.
SERVIÇO
Lançamento do livro Moema Cavalcanti: Livre para voar, de Moema Cavalcanti
Quando: nesta quinta-feira (28), às 19h
Onde: Casa do Derby (Praça do Derby, 109)
Preço do livro: R$ 100