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'Quero que minha filha seja empoderada e lute pelas mulheres', diz Péricles em entevista

Como uma roda de samba, o Pagode do Pericão, novo projeto do cantor Péricles, estreia no Recife neste domingo (20), resgatando sucessos dos anos 1990 até os hits da atualidade. No palco, Péricles passeará por canções suas, do Exaltasamba, além de Molejo, Art Popular, Grupo Clareou, Belo e Negritude Jr. O evento será às 16h, no Clube Português e contará, ainda, com a presença das bandas pernambucanas Beleza Pura e Bom Gosto. Os ingressos custam R$ 80, com open bar de cerveja.

O resgate das canções da década de 1990 tem sido uma escolha frequente nos repertórios dos sambistas e pagodeiros do país. Para Péricles, o fato está relacionado ao grande impacto da cena musical do período, mas não quer dizer que estão parados. “A música dos anos 1990 ainda é muito viva para nós, por isso é muito relembrada em nossas apresentações. Mas o gênero vem se renovando sempre, até chegarmos no que é hoje com Dilsinho e Ferrugem, por exemplo, que já vem bebendo de outras fontes, como o pop, coro gospel e blues”, pontua Péricles em entrevista ao Viver.

O cantor traz para o show o novo álbum Em sua direção, indicado ao Grammy Latino como melhor álbum de samba e pagode. “Nós soubemos da indicação através da nossa gravadora e foi uma notícia muito feliz, fruto de um trabalho que me dá muito orgulho. A gente sonha que um reconhecimento como esse vai chegar, mas não espera que aconteça. Já somos vitoriosos pelo fato de sermos lembrados, a partir do momento que a música vai agradando, isso já é muito bom. É um sinal que estamos passando nossa mensagem”, afirma.

Confira a entrevista:

Como estão os preparativos para o pagode do Pericão?

Eu estou ansioso. É um projeto ousado que deseja levar uma roda de samba para muita gente que gosta de pagode, mas não tem chance de ir. É uma maneira de chegar mais próximo do nosso público. Estamos apostando nisso.

Você se consolidou como um intérprete pela potência vocal e em uma turnê acústica que fez para o teatro mostrou outros lados, cantando canções até em inglês. Que outros estilos gostaria de cantar? Ideias eu tenho um monte. Já adaptei canções de Camila Cabello, cantando em inglês e espanhol, e minha ideia é transformar o samba em uma música mundial, com diversas influências, mas sempre mantendo as raízes.

Há quase dois anos, você gerencia a própria carreira através de sua empresa Farias Produções. Como é conciliar o ritmo de produção musical com a rotina de artista? Em todos os escritórios que passei, as experiências me fizeram chegar a esse ponto. É bom poder tomar as rédeas da minha carreira, saber o que é importante e o que não é. 

Você será pai novamente, agora, de uma menina, Maria Helena. Mais de 26 anos depois do nascimento de Lucas Morato, que também é cantor e compositor. Como está a expectativa? Eu estou sentindo uma relação de amor, ser pai agora nos dá a perspectiva de que o cidadão que tem a nossa idade ainda pode constituir uma família, não é velho. E ser uma menina é uma alegria dobrada, pretendo tratá-la como tratei o Lucas, ele é músico que é, hoje em dia, pelo talento dele. Sou realizado pelo que ele quer, e que seja feliz.

Que país você quer para a sua filha?

Eu espero um país que não tenha tanta desigualdade, intolerância e que ela possa andar de cabeça erguida. Quero que Helena seja empoderada, lute pelas mulheres, saiba o lugar dela nessa sociedade que oprime e faz a mulher ser um objeto de domínio e desejo. Eu vou torcer que a boa educação seja uma prioridade para o país.

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