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'O Brasil vive um momento quase medieval', diz Christiane Torloni, que estreia peça no Recife

As aulas magnas de uma das maiores divas da ópera mundial, a greco-americana Maria Callas, foram traduzidas em espetáculo por Terrence McNally, tornando-se sucesso da Broadway no fim da década de 1990. O espetáculo foi trazido para o Brasil em 2015 e é protagonizado pela atriz Christiane Torloni, com direção de José Possi Neto e direção musical do maestro Fábio Oliveira. Intitulada Master class, a peça que conta a história da soprana mais renomada do século 20, será encenada no Teatro RioMar em três sessões: hoje e amanhã, às 21h, domingo, às 20h. Os ingressos estão à venda a partir de R$ 25. O elenco da comédia-dramática ainda traz Julianne Daud, Raquel Paulin, Laura Duarte, Jessé Scarpellini, Rodrigo Filgueiras e Rafael Marão.
No palco, Torloni resgata a forte personalidade feminina de Callas, que repreende os alunos com rigor, mas também os encoraja a seguir seus sonhos."Talvez o que mais me inspire é que ela não tinha uma relação com alguém que a desafiasse. Era Callas que desafiava Callas. Isso é uma outra maneira de ver tudo", conta a atriz, em entrevista ao Viver. "A maioria das pessoas tem o desafio de fora para dentro. Ela não, vinha de dentro dela. Ela acreditava que a técnica tinha que vir do coração e isso vai sendo reforçado nos alunos".
O tom de voz macio e o resgate de óperas esquecidas foram fundamentais para eternizar a trajetória de Callas, apelidada de La Divina, em um ramo dominado por homens ainda no século passado, deixando como legado um novo estilo de apresentações de óperas. A soprano morreu em Paris, na França, aos 54 anos. Para a personagem, Torloni e José Possi se debruçaram em um longo processo de pesquisa. A atriz ainda se dedicou a aulas de canto.
"Mesmo que você nunca cante em um musical, é importante para a formação. Inclusive para entender o universo das orientações que ela traz aos cantores. Para poder entender em mim mesma o que ela faz, o quão difícil é o que ela faz. Você se apropria.” Em sua quarta turnê na pele da personagem, Torloni já foi agraciada com diversos prêmios. A ligação com a história de Callas é percebida por ela a partir das discussões de gênero. "Me identifico com ela primeiro pelo gênero. Somos mulheres, românticas, mas já passamos para o século 21, então eu tenho mais possibilidades que ela não viveu.”
Mas as similaridades se aproximam ainda mais pela determinação em lutar por questões relacionadas ao seu tempo. "Acho que qualquer gesto de arte, hoje, é um gesto de resistência. Tanto para nós, para nossos filhos, nossos netos, porque a cultura significa nossa identidade. É impressionante um país que tem uma manifestação cultural inequívoca como o Brasil estar vivendo um momento quase medieval e colocando em dúvida valores básicos que foram conquistados com o sacrifício de muita gente", reflete. "De repente, se duvida desse legado, do lugar que a arte e a cultura têm? A quem interessa essa dúvida? Vai se parar de produzir cultura durante quatro anos? É um grande retrocesso intelectual."
No palco, Torloni resgata a forte personalidade feminina de Callas, que repreende os alunos com rigor, mas também os encoraja a seguir seus sonhos."Talvez o que mais me inspire é que ela não tinha uma relação com alguém que a desafiasse. Era Callas que desafiava Callas. Isso é uma outra maneira de ver tudo", conta a atriz, em entrevista ao Viver. "A maioria das pessoas tem o desafio de fora para dentro. Ela não, vinha de dentro dela. Ela acreditava que a técnica tinha que vir do coração e isso vai sendo reforçado nos alunos".
O tom de voz macio e o resgate de óperas esquecidas foram fundamentais para eternizar a trajetória de Callas, apelidada de La Divina, em um ramo dominado por homens ainda no século passado, deixando como legado um novo estilo de apresentações de óperas. A soprano morreu em Paris, na França, aos 54 anos. Para a personagem, Torloni e José Possi se debruçaram em um longo processo de pesquisa. A atriz ainda se dedicou a aulas de canto.
"Mesmo que você nunca cante em um musical, é importante para a formação. Inclusive para entender o universo das orientações que ela traz aos cantores. Para poder entender em mim mesma o que ela faz, o quão difícil é o que ela faz. Você se apropria.” Em sua quarta turnê na pele da personagem, Torloni já foi agraciada com diversos prêmios. A ligação com a história de Callas é percebida por ela a partir das discussões de gênero. "Me identifico com ela primeiro pelo gênero. Somos mulheres, românticas, mas já passamos para o século 21, então eu tenho mais possibilidades que ela não viveu.”
Mas as similaridades se aproximam ainda mais pela determinação em lutar por questões relacionadas ao seu tempo. "Acho que qualquer gesto de arte, hoje, é um gesto de resistência. Tanto para nós, para nossos filhos, nossos netos, porque a cultura significa nossa identidade. É impressionante um país que tem uma manifestação cultural inequívoca como o Brasil estar vivendo um momento quase medieval e colocando em dúvida valores básicos que foram conquistados com o sacrifício de muita gente", reflete. "De repente, se duvida desse legado, do lugar que a arte e a cultura têm? A quem interessa essa dúvida? Vai se parar de produzir cultura durante quatro anos? É um grande retrocesso intelectual."