A obra traz ainda sua íntima relação com o futebol e amizade com ídolos como Zico, Casagrande, Afonsinho, Rivelino, entre outros, e não se furta em falar das acusações de plágio que pesaram sobre ele. A autora narra, ainda, as principais contendas de Fagner com executivos de gravadoras e com artistas como Caetano Veloso e - a mais famosa delas - com o conterrâneo Belchior. Aqui, um adendo: o famoso episódio da briga entre eles é relatada de forma diferente da que Jotabê Medeiros apresenta em seu livro Apenas um rapaz latino-americano (2017), biografia póstuma do cantor da música que dá nome à publicação. Nesta, consta que ambos quase chegaram a se agredir munidos, ambos, de uma faca. Na versão de Echeverria, descrita a partir de relatos de terceiros, o biografado aparece como alguém que, basicamente, agiu em defesa própria e mesmo do oponente.
O livro traz alguns detalhes sobre algo que ainda marca a notoriedade de Fagner: seu envolvimento com a política. Desde o apoio a nomes como Tasso Jereissati e Ciro Gomes até a participação na Diretas Já e uma crítica, em 2004, ao então presidente Lula. Mesmo recém-lançada, a obra não traz informações sobre o apoio do cantor ao presidente Jair Bolsonaro e suas críticas recentes ao mesmo.
A obra é rica de descrições e análises sobre Fagner por parte dos seus variados amigos. De Chico Buarque (embora comente-se, atualmente, que a amizade ficou no passado) a Zeca Baleiro (também parceiro musical), passando por Amelinha, Ronaldo Bôscoli, Nara Leão e a falecida Marília Pera. Todos ressaltando a personalidade forte, por vezes grosseira, mas ressaltando o caráter e a generosidade do artista como contraponto a isso. É da autora, entretanto, na página de número 156, uma frase que parece caber como um resumo destas descrições: “Que Fagner não é homem de temperamento fácil, já se percebeu. Sabe ser agradável no trato social, amigo querido de muita gente, artista idolatrado por plateias que morrem de amores por ele e por seu trabalho, mas ai de quem pisar no seu calo! Coitado de quem for verificar se é curto, como dizem, seu pavio.” A autora conclui a obra fazendo um relato da vida pacata atualmente adotada pelo seu biografado, seus hábitos e costumes. Dedica, ainda, um capítulo inteiro à Fundação Social Raimundo Fagner, organização não governamental criada pelo autor em abril de 2000, em Orós, com o objetivo de investir na educação complementar para o desenvolvimento de 200 crianças e adolescentes.