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Telefilme raro com roteiro de Osman Lins é exibido no Recife

Foto: Arquivo/DP e Globo/Reprodução

Marcha fúnebre é um exemplo das obras do escritor Osman Lins que já foi pensada para as telinhas. Quarenta e dois anos depois de seu lançamento, é uma mostra da produção do roteirista pernambucano que escreveu obras como Lisbela e o prisioneiro, adaptada para o cinema, e sua maior obra literária, Avalovara.

O telefilme Marcha fúnebre será apresentado nesta quinta-feira (11) no projeto Cinema no Arquivo, a partir das 19h, na sede do Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano (Rua do Imperador, 371, Santo Antônio). O filme tem uma hora de duração e foi exibido pela TV Globo em 1977. Integrava a sessão Caso especial - Osman Lins, uma série de novelas adaptadas para a televisão. Além de Marcha fúnebre, a emissora produziu Quem era Shirley Temple? e A ilha no espaço, também do escritor pernambucano.

A exibição fará parte das comemorações de 95 anos de nascimento do escritor falecido em 1978. Haverá debate, exposição e homenagens ao autor. Para Evaldo Costa, diretor do Arquivo Público do Estado, o filme é importante dada a complexidade da obra do autor. “Quem leu sabe que Osman não tem uma obra de fácil compreensão, então essas adaptações para linguagem audiovisual ajudam muito a entendermos sua obra. Lisbela e o prisioneiro, por exemplo, é uma peça que teve alcance com a ajuda do cinema. Todo mundo adora o filme, não conheço alguém que desgoste”, explica.

Marcha fúnebre foi exibido apenas uma vez, o que o torna quase inédito. A direção é de Sérgio Brito, com Tereza Rachel e Diogo Vilela nos papéis principais. Tereza vive a Selene e Vilela interpreta o filho dela, Tarcísio. Quando jovem, ela foi atriz de teatro muito conhecida. Agora, longe dos palcos, vive de nostalgia e cai no ostracismo. Sua grande preocupação é com a morte e como será lembrada. Seu filho é quem deve providenciar a realização dos desejos da mãe, mas se depara com a cidade de São Paulo em plena crise para enterrar os seus mortos: não há lugar nos cemitérios.

Trecho de Marcha Fúnebre na TV. Foto: Globo/Reprodução

“Osman é conhecido como arquiteto da palavra, mas se tivesse tido mais tempo de vida, seria considerado o arquiteto da imagem. Ele queria inovar, tirar o engessado e enlatado norte-americano e abrir espaço para a nossa literatura da TV”, diz Portela, que está organizando um relançamento dos livros da série Casos especiais pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). Além do ensaio de abertura, o projeto contará com notas analíticas e comentários do pesquisador sobre os textos.

Trajetória
Nascido em Vitória de Santo Antão, Osman se mudou para capital do estado aos 16 anos, após terminar o ensino secundário. Em 1952, inicia a redação de O visitante, seu romance de estreia, publicado em 1955. Nessa época, colaborou no Diario de Pernambuco. Em 1960, conclui ucurso de dramaturgia na Escola de Belas-Artes na UFPE e, no ano seguinte, foi à Europa como bolsista da Aliança Francesa.

De volta ao Brasil, se mudou para São Paulo em 1962. Tornou-se professor de literatura brasileira na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Marília. Tendo já publicado seus dois mais importantes livros, Nove, novena (1966) e o experimental Avalovara (1973), pediu exoneração da faculdade em 1976. Passou a se dedicar só à literatura. A partir de então, colaborou em veículos como o Suplemento Literário d’O Estado de S. Paulo.

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