A Tribo Carijós do Recife se prepara para viajar 230 quilômetros na madrugada deste sábado (19), da capital pernambucana até Garanhuns, no Agreste do estado. O grupo irá participar da 29ª edição do Festival de Inverno da cidade, e vai abrir as apresentações do Palco Cultura Popular Ariano Suassuna, na Av. Santo Antônio, no centro. O caboclinho celebra o título de ‘Patrimônio Vivo’ concedido no início deste mês pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural. Ele se apresenta às 10h, logo após a solenidade de abertura com a presença do governador Paulo Câmara (PSB).
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Tribo Carijós do Recife exalta a força dos caboclos neste sábado no FIG
A saída da sede do grupo, localizada no bairro da Mangabeira, na Zona Norte do Recife, será às 3 da manhã. Tudo para não se atrasar e fazer bonito no evento que marca a primeira apresentação após o título. 40 integrantes vão viajar, entre caboclos, caciques e tocadores. O espetáculo de penas, apitos e maracas terá 30 minutos de duração. Ele estava previsto para acontecer às 15 horas na programação, mas devido ao reconhecimento cultural, a tribo teve o horário antecipado.
O presidente Anderson Santos, conta que haverá uma homenagem póstuma a Pai Jefferson Nagô, antigo líder e sacerdote do Carijós, que reativou, conduziu e elevou ao pódio o caboclinho, entre os anos de 2011 e 2018. O religioso faleceu no dia 17 de dezembro de 2018, aos 29 anos. “Ele deixou vários sonhos para a gente realizar. Um deles, que está próximo de se tornar realidade, é a construção de um Centro Social na comunidade para perpetuar a história e o legado dos caboclinhos. Ele se chamará ‘Centro Social Pai Jefferson Nagô’ e oferecerá aulas de história, indumentárias, dança, teatro e musicalidade. No que depender de nós, a mensagem de amor e paz do meu irmão estará sempre acesa nos corações daqueles que amam e defendem a cultura popular”, revela.
A tribo foi fundada no dia 05 de março de 1896, nas imediações do Forte do Brum, no Recife, pelo estivador Antônio da Costa, conhecido como “Bruxo”. Segundo a história, o surgimento veio logo após uma reunião de mesa espírita, onde o Antônio incorporou o caboclo e recebeu a missão de colocar o brinquedo na rua. Na época, o grupo alcançou diversos títulos e inspirou vários outros. Chegou até a viajar para fora do país, onde passou pela França, Itália e Japão. Em 1999 a tribo entrou em declínio e ficou adormecida por exatos 11 anos. Naquele ano, o estandarte estava na comunidade do Alto José do Pinho, na Zona Norte, na casa do senhor Manoel Ferreira (Manoelzinho).
No ano seguinte, lá estava o Carijós brilhando e encantando a todos no carnaval. Com o axé do caboclo e a determinação de Jefferson, a tribo foi renovada e colocada na rua. Em 2017, nos seus 120 anos recém completados, foi o primeiro grupo do segmento a ser homenageado no Carnaval do Recife. O grande público ainda lembra do rosto do sacerdote estampado nas artes oficiais da festividade. Naquele mesmo ano, alcançou o primeiro lugar no grupo especial e permaneceu no pódio no ano seguinte. Em 2018 recebeu Prêmio Ariano Suassuna (2018) e no início do mês foi agraciado com o título de Patrimônio Vivo.
Com o falecimento de Jefferson, assumiu o irmão dele, Anderson Santos. Que dará continuidade ao legado deixado pelo antigo líder. “A minha missão é dar continuidade ao trabalho de Jefferson. Além do caboclinho, também presido o Maracatu Encanto da Alegria e o Afoxé Omo Inã. Deus e Carijós sabe de todas as coisas, então se me entregou a responsabilidade, é para eu abraçar e seguir”.