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Tribo Carijós do Recife exalta a força dos caboclos neste sábado no FIG

Publicado em: 19/07/2019 22:04 | Atualizado em: 19/07/2019 22:38

Tocador da Tribo Indígena Carijós. Foto: Roberto Ramos/DP

A Tribo Carijós do Recife se prepara para viajar 230 quilômetros na madrugada deste sábado (19), da capital pernambucana até Garanhuns, no Agreste do estado. O grupo irá participar da 29ª edição do Festival de Inverno da cidade, e vai abrir as apresentações do Palco Cultura Popular Ariano Suassuna, na Av. Santo Antônio, no centro.  O caboclinho celebra o título de ‘Patrimônio Vivo’ concedido no início deste mês pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural. Ele se apresenta às 10h, logo após a solenidade de abertura com a presença do governador Paulo Câmara (PSB). 

Apresentação do Carijós no Carnaval. Foto: Roberto Ramos/DP

A saída da sede do grupo, localizada no bairro da Mangabeira, na Zona Norte do Recife, será às 3 da manhã. Tudo para não se atrasar e fazer bonito no evento que marca a primeira apresentação após o título. 40 integrantes vão viajar, entre caboclos, caciques e tocadores. O espetáculo de penas, apitos e maracas terá 30 minutos de duração. Ele estava previsto para acontecer às 15 horas na programação, mas devido ao reconhecimento cultural, a tribo teve o horário antecipado. 

Pai Jefferson Nagô. Foto: Peu Ricardo/DP

O presidente Anderson Santos, conta que haverá uma homenagem póstuma a Pai Jefferson Nagô, antigo líder e sacerdote do Carijós, que reativou, conduziu e elevou ao pódio o caboclinho, entre os anos de 2011 e 2018. O religioso faleceu no dia 17 de dezembro de 2018, aos 29 anos. “Ele deixou vários sonhos para a gente realizar. Um deles, que está próximo de se tornar realidade, é a construção de um Centro Social na comunidade para perpetuar a história e o legado dos caboclinhos. Ele se chamará ‘Centro Social Pai Jefferson Nagô’ e oferecerá aulas de história, indumentárias, dança, teatro e musicalidade. No que depender de nós, a mensagem de amor e paz do meu irmão estará sempre acesa nos corações daqueles que amam e defendem a cultura popular”, revela.     

História
Foto: Tribo Carijós/Arquivo

A tribo foi fundada no dia 05 de março de 1896, nas imediações do Forte do Brum, no Recife, pelo estivador Antônio da Costa, conhecido como “Bruxo”. Segundo a história, o surgimento veio logo após uma reunião de mesa espírita, onde o Antônio incorporou o caboclo e recebeu a missão de colocar o brinquedo na rua. Na época, o grupo alcançou diversos títulos e inspirou vários outros. Chegou até a viajar para fora do país, onde passou pela França, Itália e Japão. Em 1999 a tribo entrou em declínio e ficou adormecida por exatos 11 anos. Naquele ano, o estandarte estava na comunidade do Alto José do Pinho, na Zona Norte, na casa do senhor Manoel Ferreira (Manoelzinho). 

Muitos tentaram reativar Carijós, mas sem sucesso. “As pessoas queriam até comprar o nome da tribo, mas Seu Manoelzinho não deu”, conta Pai Clovis Santos, um dos diretores do grupo. Em 2011, Pai Jefferson Nagô recebeu o recado do Caboclo Carijós, pedindo para colocar a tribo na rua. “Então fomos até a casa dele para falar sobre o pedido. Ao chegar lá, antes da gente começar a falar, Manoelzinho disse que havia sonhado com o caboclo e já sabia do que se tratava. Foi quando levamos o estandarte e lutamos para colocar o caboclinho de pé”, relata. 

A tribo é a mais antiga do estado de Pernambuco. Foto: Roberto Ramos/DP

No ano seguinte, lá estava o Carijós brilhando e encantando a todos no carnaval. Com o axé do caboclo e a determinação de Jefferson, a tribo foi renovada e colocada na rua. Em 2017, nos seus 120 anos recém completados, foi o primeiro grupo do segmento a ser homenageado no Carnaval do Recife. O grande público ainda lembra do rosto do sacerdote estampado nas artes oficiais da festividade. Naquele mesmo ano, alcançou o primeiro lugar no grupo especial e permaneceu no pódio no ano seguinte. Em 2018 recebeu Prêmio Ariano Suassuna (2018) e no início do mês foi agraciado com o título de Patrimônio Vivo. 

Foto: Tribo Carijós/Arquivo

Com o falecimento de Jefferson, assumiu o irmão dele, Anderson Santos. Que dará continuidade ao legado deixado pelo antigo líder. “A minha missão é dar continuidade ao trabalho de Jefferson. Além do caboclinho, também presido o Maracatu Encanto da Alegria e o Afoxé Omo Inã. Deus e Carijós sabe de todas as coisas, então se me entregou a responsabilidade, é para eu abraçar e seguir”. 


Confira a programação completa do Palco Cultura Popular Ariano Suassuna 

10h - Tribo Indígena Carijós do Recife 
10h -Programação da Gerência Regional de Educação do Agreste Meridional
11h - Maestro Fábio César e Banda Raízes Nordestinas
12h - Maracatu Nação Raízes de Pai Adão
13h - Coco das Estrelas
14h - Maracatu Piaba de Ouro
16h - Boi Faceiro
17h - Bloco Compositores e Foliões
18h - Afoxé Omim Sabá
19h - Samba De Coco das Irmãs Lopes


Serviço 
Tribo Indígena Carijós do Recife no FIG 
Quando: 20 de julho de 2019. 
Onde: Palco Cultura Popular Ariano Suassuna 
Endereço: Av. Santo Antônio, Centro de Garanhuns 
Horário: 10h

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