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Projeto Trocas Que Inspiram promove debate e workshop sobre a força da escrita afetiva
Iniciativa acontece nesta sexta e sábado no Sinspire e vai contar com a participação da jornalista Ana Holanda

Com o objetivo de dialogar, debater e evidenciar a força da escrita afetiva, o Sinspire realiza nesta sexta (5) e sábado (6), o primeiro encontro do projeto, Trocas Que Inspiram, iniciativa que vai reunir convidados para uma troca de experiências artísticas, atreladas a cultura, comunicação, arte e outros temas. Montado no formato de uma roda de dialogo, a primeira edição traz na programação atividades como debates, bate-papo e workshops e vai receber a jornalista, escritora e editora-chefe da revista Vida Simples, Ana Holanda, para uma conversa sobre o poder e a importância da Escrita Afetuosa. O primeiro dia do evento tem inicio às 18h30 e vai contar ainda com a participação da ativista cultural e empreendedora social Luciana Nunes. As inscrições para o encontro devem ser feitas através do email: troca.sinspire@gmail.com. A participação na iniciativa é mediante a doação de 1 kg de alimento não perecível, que será doado para instituições de caridade.
No segundo dia, a ação será dedicada ao workshop Escrita Criativa e Afetuosa, que tem o intuito de promover o resgate e estimular as várias vertentes da escrita. O treinamento vai das 10h às 19h30, na sede do Sinspire. Os ingressos para o curso estão disponíveis no Sympla, pelo valor de R$ 590, dividido em até 12x.
Sobre Ana Holanda
Filha de um alagoano com uma pernambucana, Ana Holanda é uma dos principais nomes da esfera literária. Professora e embaixadora da The School of Life no Brasil, a jornalista já passou por diversas redações do país, além de uma série de palestras pelo Brasil. Há sete meses, a escritora lançou pela editora Rocco o livro “Como se encontrar na escrita: O caminho para despertar a escrita afetuosa em você”, trabalho que sucesso de vendas nos primeiros dias de lançamento. Atualmente, é possível adquiri-lo apenas na versão digital nas principais livrarias do País.
“A gente não se dá conta, mas a escrita tem uma força e um poder de transformar a realidade, a vida. E a gente desperdiça isso todos os dias escrevendo textos superficiais, sem encontro, sem alma”, afirmou Ana Holanda.
Confira a entrevista com Ana Holanda
O curso Escrita Criativa e Afetuosa tem percorrido todo o Brasil e chega ao Recife pela primeira vez. Quais são as suas expectativas para o evento?
Minha mãe é pernambucana e meu pai alagoano. Nasci em São Paulo, mas passei toda a minha infância visitando a minha avó e minhas tias no Recife. Daí, nasceu essa relação emocional muito forte com a cidade. Desde o início, o curso já rodou por vários lugares do Brasil, mas, ministrar a Escrita Criativa e Afetuosa no Recife, sem dúvida, sempre foi uma vontade pessoal. Para mim, as expectativas são as melhores possíveis, tem um significado muito emocionante e bastante especial.
A maneira como escreve fala muito sobre você. Qual a importância desse curso para quem tem relação com a escrita?
Uma coisa que ficou muito clara para mim hoje é como a gente se distanciou do texto. O papel da escrita é o de conectar com o outro, de completar, fazer uma ponte com o outro. Mas a verdade é que esse papel não está sendo feito. A gente acredita que está informando e confundiu informar com conectar. Antes de escrever um texto, é necessário olhar para nós, mas também é preciso olhar para o outro. O que eu faço no meu curso, muitas vezes, é mostrar os elementos que afastam e os que aproximam o nosso texto do outro. Uma produção de texto e construção narrativa, que marca e afeta o outro. Quero que as pessoas sintam que aquilo lhe tocou, que conversou com ela. Para mim, é o que faz sentido na escrita.
O que as pessoas irão ver durante o curso?
Na primeira parte busco romper com a ideia de escrita que as pessoas têm. A primeira frase que eu falo é: troque a palavra técnica por relação. A escrita, muito mais do que técnica, é relação. E nessa primeira parte eu falo muito mais das ideias relacionadas à escrita.
Na segunda parte, mostro o passo a passo de como essas ideias se conectam na construção do texto. Não só pela estrutura, mas pela condução das palavras no texto. As pessoas realizam ainda três exercícios práticos. No final, confiro um desses textos e as oriento sobre sua escrita.
Ana, como se deu o processo de escrita do livro “Como se encontrar na escrita”?
Foi um processo muito interessante. Já tinha lançado meu primeiro livro em 2017, “Minha Mãe Fazia”, e quando estava no processo de lançamento desse livro fui de porta em porta procurar uma editora. A Rocco me recebeu e escutou a minha proposta. A editora ficava no Rio de Janeiro e, por coincidência, eu estava indo para lá aplicar o curso de escrita. Um editor da Rocco, na época, Bruno Fiuza, estava muito interessado no curso e, depois de assisti-lo, me incentivou a escrever um livro sobre o processo de escrita.
O livro fala muito do que eu trago no curso e foi uma maneira de chegar a mais gente. Ele não é um manual de escrita, é um livro de histórias e de um olhar meu sobre a escrita. É um livro que tem um retorno maravilhoso. As pessoas escrevem para mim sobre ele e muitas coisas me emocionam. Contam que leram e agora conseguem escrever. Isso faz com que me sinta bastante realizada por que era exatamente isso que eu esperava.
O que mudou no seu processo de escrita ao longo desses anos?
Existe algo que sempre foi uma característica minha: eu sempre tive uma escrita mais sensível. Ao longo de minha carreira, tive alguns chefes que enxergavam com bons olhos e outros que não gostavam desse olhar mais sensível e me pediam para escrever de uma maneira mais seca, mais direta.
O ser sensível diz respeito a ter sensibilidade, de perceber quem é o outro. Por que essa capacidade de enxergar e escutar o outro com profundidade é algo que a gente também vem perdendo. Mas, conforme eu fui amadurecendo, eu fui tendo tempo de escrita, eu comecei a notar essa sensibilidade de perceber as coisas no meu entorno, de escutar o outro. E com o tempo passando e as oportunidades surgindo, percebi que era esse tipo de texto que gerava uma conexão com o outro.
Como você enxerga a evolução dos alunos após o curso?
O livro traz isso. Inicialmente, eu tinha uma divisão muito clara do que seria o livro e, no meio do processo, eu entendi que eu tinha que acrescentar mais dois capítulos: um de depoimentos dos alunos e outro, de como aquilo mudou a minha própria visão. Então, pedi para alguns alunos, que passaram pelo curso, que escrevessem sobre o quanto aquilo mudou o olhar deles sobre a escrita, pois uma coisa é eu ficar falando sobre maneiras de escrever e outra coisa é a visão deles após o término do curso.
Tem gente que sai muito mexida do curso. As pessoas falam que o curso é um divisor de águas na vida delas. Em geral, quem de fato vivencia o curso não consegue mais escrever da maneira que o fazia antes. Não faz mais sentido para ela. Ela tem que escrever com conexão.
Quais são seus planos para o futuro?
Estou trabalhando para lançar o livro em Portugal, mas ainda não sei se será neste ano ou no próximo. Junto ao lançamento do livro, também pretendo levar o curso de Escrita Criativa e Afetuosa. Acredito também que neste ano, finalmente, estarei lançando o curso online.
A idéia é que este curso chegue cada vez mais distante. Não é só no Brasil. Hoje eu tenho leitores em diversas partes do mundo, como Itália e Estados Unidos. Outra grande novidade é que também estou trabalhando em um programa de mentoria. O curso também vai ser online. Vai servir para aprofundar o processo de escrita, mas de uma maneira individual.