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Antropólogo Curt Nimuendajú inspira exposição no Recife
Pesquisador de origem alemã dedicou mais de quatro décadas à etnologia indígena no Brasil. Programação no Centro Cultural Brasil-Alemanha inclui lançamentos, oficina e mostra de filmes

O jovem Curt Unckel (1883-1945) migrou da Alemanha para o Brasil aos 20 anos e, não muito tempo depois de chegar ao País, decidiu viver entre os Apapocuva-Guarani na região do Rio Batalha (SP). Durante um ritual naquela aldeia, recebeu o nome que passou a utilizar na trajetória de pesquisador que iniciava de maneira autodidata: Nimuendajú - "aquele que veio a sentar (entre nós)". Essas e outras passagens da vida do antropólogo são contadas na exposição Curt Nimuendajú – Reconhecimentos, que foi inaugurada na quinta-feira (28), às 19h30, no Centro Cultural Brasil-Alemanha (CCBA). O evento é aberto ao público, com entrada gratuita.
No sábado (30), às 18h30, o espaço cultural sedia a mostra audiovisual Povos Indígenas no Cinema: filmes & debate. "Mais de quatro décadas dedicadas à etnologia indígena, com pelo menos 34 pesquisas de campo majoritariamente pioneiras sobre mais de 50 etnias e um grande número de publicações, renderam a Curt Nimuendajú, ainda em vida, o reconhecimento como uma das maiores autoridades da Etnologia dos povos indígenas no Brasil na primeira metade do século 20", afirma o professor Peter Schröder, curador da mostra e docente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Na noite de abertura da exposição, Peter Schröder lança o livro Os Índios Xipaya – cultura e língua (Editora Curt Nimuendajú). Para a obra, ele traduziu cinco textos de Curt Nimuendajú que foram originalmente publicados no periódico Anthropos, de 1919 a 1929. "É a primeira vez que o conjunto desses artigos é apresentado em língua portuguesa numa edição crítica, junto com uma introdução que contextualiza a história e o estilo dos textos. Trata-se de trabalhos clássicos da antropologia sul-americana, caracterizados pela influência, ainda predominante, da etnologia alemã", explica Peter Schröder.
Sobre as contribuições de Curt Nimuendajú para a antropologia brasileira, o professor avalia: "Ele é visto como uma figura pioneira para a formação da etnologia indígena. Apesar do fato de que os textos dele hoje em dia exigem uma reavaliação crítica de seus pressupostos teóricos, muitas vezes implícitos, a qualidade de suas etnografias ou de obras como o Mapa Etno-Histórico não é questionada. Pelo contrário, ele continua sendo um autor muito citado. O fato de ele ter sido autodidata mostra como as práticas científicas mudaram".
A exposição é uma realização do Centro Cultural Brasil-Alemanha (CCBA), do Laboratório de Estudos Avançados de Cultura Contemporânea (LEC) / Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco (PPGA-UFPE) e do Departamento de Antropologia e Museologia da Universidade Federal de Pernambuco (DAM-UFPE), com apoio do Goethe Institut, Editora Curt Nimuendajú, Staatliche Kunstsammlungen Dresden -Museum für Völkerkunde Dresden (SKD), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Museu Nacional, Museu do Estado de Pernambuco e Anaya Produções Culturais.
PROGRAMAÇÃO
OFICINA POVOS INDÍGENAS EM PERNAMBUCO NO CENÁRIO ATUAL
Sexta-feira (29/3), das 9h às 16h30. Evento fechado para convidados.
MOSTRA POVOS INDÍGENAS NO CINEMA: FILMES & DEBATE
Sábado (30/3), às 18h30. Entrada gratuita.
LANÇAMENTO DA NOVA EDIÇÃO DO MAPA ETNO-HISTÓRICO DO BRASIL E REGIÕES ADJACENTES
Terça-feira (7/5). Entrada gratuita.
Acompanhe as novidades pela página da exposição: www.ccba.org.br/nimuendaju-reconhecimentos