O carnavalesco Sílvio Botelho, o Pai dos Bonecos Gigantes, recorda com carinho dos encontros do grupo desde o surgimento. Ele reconhece a importância da bailarina para a divulgação e promoção do ritmo em Olinda. “Adriana sempre foi uma menina muito esperta e desde adolescente se mostrava preocupada em perpetuar a dança do frevo. Vários profissionais que passaram por ela estão hoje com suas próprias companhias e isso é muito importante. Nós olindenses temos um respeito imenso a força que ela exerce e o compromisso social. Não é fácil viver de cultura, mas quando se ama o que faz, o universo ajuda. A cada dia a gente engana um monstro para continuar defendendo a nossa identidade”, relata.
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Cia Brasil por Dança: 30 anos de defesa do frevo em Olinda
O grupo comemora o aniversário na noite desta quinta-feira (21), com um grande cortejo no Largo do Guadalupe, Sítio Histórico da cidade, a partir das 19 horas
E não é fácil mesmo. O grupo se mantém de forma independente e com a ajuda dos moradores da comunidade. Pais, colaboradores e amigos dedicam de forma voluntária parte dos seus respectivos tempos para confeccionar os adereços. Dona Irailda Nunes da Silva, de 58 anos, que mora na comunidade da Cohab, bairro de Ouro Preto disse que participa há muitos anos do grupo e tudo o que faz é por amor. “Nós viramos a noite bordando e nos finais de semana colocamos barraca para ajudar nos custos. Tudo para contribuir e dar mais brilho aos anjos do frevo”. A avó faz questão de levar as netas Geovana Trindade, 14, e Lara Trindade, 12, para aprenderem e aprimorarem o ritmo. “Fico muito emocionada, sempre gostei da nossa cultura e ver elas participando é uma emoção grande”, ressalta a artesã.
E a emoção é nítida no rosto de cada um dos jovens, desde os passistas a diretoria. Hoje eles ensaiam sempre nas terças e quintas, a partir das 19h, no Clube Vassourinhas. O conhecimento e a valorização da identidade é perpetuado entre as gerações. No ano de 2018, Adriana foi homenageada no carnaval de Olinda e ao receber o troféu no palco das mãos do prefeito Lupércio ela desabafou: “Eu disse a ele que a partir daquele momento nós fomos vistos, mas precisamos ser ouvidos. Ser passista de frevo não é fácil. Há uma desvalorização imensa com os profissionais que vivem a dança nos 365 dias do ano. É muito doloroso ver muitos investirem tanto nas roupas para ganhar apenas R$ 30,00 por apresentação. Queremos valorização e respeito”, acrescentou.
Não há dúvidas que a Cia Brasil por dança é o sangue dos foliões olindenses, visto que contribui diretamente para a divulgação do ritmo pernambucano. Se for diferenciar os dois movimentos nas cidades irmãs, percebemos que o de Olinda se diferencia por ser pensado para o povo, no chão, resistente às pedras, ao mormaço do sol e às ladeiras do Sítio Histórico. “A cia é conduzida com a alma e com o coração. O grupo desfila há trinta anos com o nosso calunga. Ele faz parte da história da cidade e foi homenageado no prêmio Gigante Cultural”, contou o presidente do Homem da Meia-Noite, Luiz Adolpho.