Referência no cinema LGBT do país, festival Recifest exibe programação gratuita

Um dos principais festivais de cinema com temática LGBT do país será realizado de desta terça-feira (20) até sábado, no Cinema São Luiz, na Boa Vista. Com programação gratuita, o Recifest - Festival de Cinema de Diversidade Sexual e de Gênero chega em sua sexta edição de mostra competitiva, com 26 curtas escolhidos - sete deles produzidos em Pernambuco - entre as mais de 150 produções inscritas. Segundo a diretora artística do festival, Carla Francine, o Recifest se coloca como mais um aliado às muitas outras formas de resistência da população LGBT.

“O Recifest existe porque a gente acredita que imagens têm poder e que a história do cinema não tem sido justa ao representar nós, LGBTs. Mas a gente acredita também que existe um outro conjunto de pessoas criando novos olhares e novas histórias, e é isso que iremos ver nesta edição”, diz trecho do texto de abertura do evento, que terá mais de 30 realizadores de todo o país. O processo de seleção foi feito por uma curadoria formada por pessoas de vivências e sexualidades diferentes que separaram as mostras por sessões. Participaram o realizador e professor André Antônio (presidente da comissão), Carol Almeida (crítica e pesquisadora), Júlia Katherine (realizadora, documentarista, transexual) e os pesquisadores Anthony Ribeiro e Henrique Rodrigues Marques. 

Além de Carla Francine (da Casa de Cinema), a curadoria geral do evento é assinada por Mauro Lira, Rosinha Assis (da Panela Produções Artísticas) e Emanuel Dias. Além de promover as obras audiovisuais, o festival ainda busca trazer dentro da programação uma série de eventos como performances, oficinas e debates. “Iniciamos logo no primeiro dia com o debate após o longa Bixa travesty, um dos filmes mais premiados dessa temporada, tanto no Brasil, quanto no exterior. Neste debate, participam os diretores Kiko Goifman e Claudia Priscila e também os protagonistas Linn da Quebrada e Jupi do Bairro”, anuncia Carla. Os debates com os realizadores dos curtas acontecerão em todas as cinco sessões das mostras competitivas.

Os filmes inscritos concorrerão nas categorias Produção Pernambucana (para filmes realizados dentro do estado, com empresa produtora e diretores locais) e Produção Nacional (para filmes realizados em todo o território brasileiro, incluindo Pernambuco). Eles disputam os troféus Rutílio de Oliveira e premiações em dinheiro. O público do Recifest também poderá votar para escolher suas obras favoritas através de um formulário entregue nos dias de exibição. Os vencedores de cada uma das categorias na votação popular também receberão troféus e prêmio em dinheiro. A soma de todos os prêmios, divididos em serviços, equipamentos e dinheiro, chega a R$ 22 mil. 

O festival deste ano será apresentado pela atriz negra e transexual Aurora Jamelo e também vai prestar uma homenagem ao multiartista Jomard Muniz de Brito, por sua contribuição para a cinematografia não hegemônica no país e por sua colaboração com produções que abordam questões LGBTs. Além dele, o Maracatu Coração Nazareno também receberá uma homenagem e fará um pocket show no encerramento do festival. 

“Decidimos homenagear este grupo pela coragem das mulheres integrantes de se inserirem em uma brincadeira popular centenária, antes exclusivamente masculina, e por algumas delas assumirem relações homoafetivas, em uma das regiões do estado onde ainda se vê forte uma cultura machista e homofóbica”, explica Carla. Logo depois da temporada no Recife, a programação chegará em Nazaré da Mata de 4 a 7 de dezembro.