A obra traz à tona o universo da fecundidade e da concepção, por meio do embate da relação do corpo feminino com a beleza e a crueza da paisagem amazônica. Nesses trabalhos, o vídeo não é utilizado apenas como mero registro da ação, mas como ferramenta que atua no pensamento constituinte da performance, sendo pensado em conjunto com a ação.
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Artista pernambucana lança videoperformance sobre fecundidade e usa o próprio sangue menstrual
Na obra, Juliana Notari protagoniza uma ação ritualística em árvore centenária
Na tela, Juliana Notari aparece vestida de branco, como uma enfermeira, portando uma bolsa com instrumentos de aço inoxidável, como espéculos, o próprio sangue menstrual – coletado durante nove meses – e sementes de árvores locais. Em uma voadeira, espécie de barco ligeiro e pequeno utilizado pela população ribeirinha da região, ela sai à procura das árvores centenárias samaúmas no Igarapé Piriquitaquara, na ilha Combu (PA). Ao avistá-las, adentra a Amazônia e vai ao encontro delas. A partir disso, em um gesto de persistência carregado de força mística, realiza uma ação ritualística e intrusiva na grande raiz da árvore, deixando uma marca encravada na floresta.
A samaúma, que no tupi significa grande árvore, é tida pelos povos indígenas da região como a "Mãe Sagrada da Floresta", por se destacar no meio das demais. Além de ser admirada pela beleza, é cercada de mistérios e propriedades medicinais. De acordo com a medicina popular, a água dela ou o chá da sua casca é um poderoso remédio, capaz de fazer mulheres engravidarem. A samaúma, para muitos, simboliza a imortalidade.
As outras perfomances da série são Mimoso e Soledad, onde a artista aborda a morte vista a partir de uma perspectiva holística, que a enxerga como ciclo e afirmação da vida, oferecendo, assim, novas chaves de acesso ao tema. O trabalho de Notari faz parte do edital Rumos Itaú Cultural 2015-2016, dentro do projeto Residência Artística e Produção de Obra em Belém do Pará.
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