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Legado do pintor pernambucano La Greca é eternizado no Parnamirim
Museu resgata história e obra de Murilo La Greca, professor falecido em 1985, que se tornou referência como fundador da Escola de Belas Artes de Pernambuco

As obras, os objetos pessoais e o legado do pintor e professor Vicente Murillo La Greca estão perpetuadas na casa localizada na Rua Leonardo Bezerra Cavalcante, número 366, no bairro do Parnamirim. Especialista na técnica e no estudo de afrescos, o artista nascido em Palmares, na Mata Sul de Pernambuco, construiu carreira sólida e se tornou referência como um dos fundadores da Escola de Belas Artes de Pernambuco.
Figura conhecida e reconhecida na capital pernambucana, La Greca residiu na Itália para aprofundar seus estudos e foi amigo próximo do pintor Cândido Portinari, chegando a dividir apartamento com ele no Rio de Janeiro. Uma de usas obras em afresco estampa a cúpula da Basílica da Penha, no bairro de São José, ao lado do mercado público. "Ele era um artista polêmico e totalmente contrário a arte moderna. O considero um pré-modernista pernambucano", aponta o pintor e cronista de arte Wilton de Souza, 85 anos. “Ele não gostava de ser chamado de artista plástico e dizia que não era de plástico, que era um pintor”, recorda.
Com trajetória ligada ao acervo artístico e cultural do Recife, Wilton era diretor da Galeria Metropolitana de Arte do Recife quando foi nomeado pelo prefeito da época, Joaquim Francisco, para ajudar a fazer o inventário de La Greca e catalogar as peças e obras do artista. “Ele já estava com a idade avançada e queria doar todo o acervo, suas pinturas e o ateliê. Aquela casa era uma residência de um arquiteto e ficou com a prefeitura quando o viaduto foi construído por cima do prédio”, relembra Wilton, que chegou a ser vizinho de La Greca. “Ele morou na Rua Dom Pedro Henrique, no bairro da Boa Vista, transversal da Avenida Visconde de Suassuna. Eu morava na casa 87 e ele na 185”, conta.
Acadêmico engajado que se dividiu entre desenhos e pintura, Murillo era apaixonado pela esposa Silvia Decussati, sua musa inspiradora que foi retratada em diversas obras e também se dedicava ao ofício. Uma das exigências dele era homenageá-la e a sala multiuso do espaço foi batizada com seu nome. "Uma das maiores lições que ele deixou foi como deve ser um verdadeiro artista. Ele teve oportunidade de estudar, foi para a Itália fazer vários cursos, se aprimorou no desenho e na pintura. Era carrancudo, mas se tornou um grande mestre da arte pernambucana. Infelizmente não tive oportunidade de ser aluno dele”, lamenta Wilton. O pintor contraiu uma pneumonia e acabou falecendo meses antes da inauguração do espaço, em julho de 1985.
Acervo
Inaugurado em 12 de dezembro de 1985, o museu é formado por acervo com cerca de 1,4 mil desenhos, entre técnicas de fusain, crayon, pastel e sanguínea, objetos como discos, livros, mobiliários e cartas trocadas com Portinari e Giacometti. Há ainda 160 pinturas de paisagens, cenas históricas do Brasil e retratos. O local também recebe exposições de outros artistas. Atualmente está em cartaz a mostra {Centro}: o design do dia a dia, assinada por Arthur Braga, que reúne fotografias de Jão Vicente e Liêdo Maranhão e imagens do cotidiano do Recife. A entrada é gratuita.