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Apresentador que rogou morte a maconheiros faz show de humor e defende uso de termos como 'quenga'
Escalado para filme de Danilo Gentili, pernambucano se apresenta no Recife
Sikera se prepara para interpretar o diretor de um colégio no novo filme de Danilo Gentilli (Exterminadores do além contra a loira do banheiro), colega de profissão e autor de Como se tornar o pior aluno da escola, comédia criticada por fazer apologia ao bullying, e circula pelo Nordeste com o show de humor Sikera sem censura - com produção da Cia do Riso e da Cidadania e edição no Recife neste sábado. O apresentador também está de casa nova: no dia 12, trocou o Plantão Alagoas, da afiliada do SBT em Maceió, pelo Cidade em ação, da RedeTV! em João Pessoa. Mas manteve o formato policial. "Não tenho como tirar essa marca", diz.
A aventura nos palcos é fruto das conversas em família e ecoa as histórias vividas nos bastidores do rádio, veículo do início da carreira em Palmares, na Mata Sul pernambucana, e da televisão. "Comecei a fazer em junho [do ano passado], mas quero parar e não consigo. Não aguentei o ritmo pesado de viajar pelas cidades. O do Recife devia ia ser o último, mas…", adianta. Para os palcos, atestam vídeos do espetáculo postados no YouTube, ele transpõe os trejeitos característicos da TV: dedo em riste e fala grossa, piadas com membros da plateia, bordões. "São histórias da minha vida, com começo, meio e fim", salienta.
A investida sobre filões do cinema e dos palcos reflete o fenômeno acentuado em anos recentes da aproximação do jornalismo com o entretenimento e é um indicativo da popularidade das mensagens dos programas policialescos - cada vez mais influenciados por elementos de humor, com efeitos sonoros, frases de efeito, apreço por temas caricatos, mas ainda espaços para exercício de um discurso intransigente, imediatista e por vezes preconceituoso. Sikera Jr conjuga bem as duas vertentes. No programa de TV, exorta à morte usuários de maconha e chama de "quenga" a mulher envolvida com homens casados - posicionamentos claramente condenados por defensores da liberação da droga e dos direitos femininos.
"Hoje, [a cantora] Marilia Mendonça fala de amante, rapariga, e todo mundo está cantando a música. Uma coisa é chamar a sua irmã de 'quenga'. Outra é dizer que a mulher que pega homem casado é 'quenga'. Se fizer uma enquente, todo mundo vai dizer isso", justifica o apresentador. "Nunca tive problemas com direitos humanos. De vez em quando, pediam para aliviar. Nada oficialmente. A opinião que eu dou na televisão é a da grande maioria da população. Eu sou gente, vou na padaria, vou comprar carne. Tanto que é um perigo que todo mundo está em busca de um salvador. Sou até um tanto assustado".
Veja um trecho do show:
[VIDEO2]
O conteúdo e formato dos programas policialescos têm sido questionados por entidades de monitoramento de mídia. Relatório mais recente produzido pela Andi - Comunicação e Direitos sobre transmissões em dez capitais brasileiras identificou quase 4,5 mil violações a leis do país ou convenções internacionais e ensejou campanha parlamentar contra as transgressões. Entre os principais problemas relatados, estão a exposição de crianças e adolescentes, o desrespeito para com suspeitos e acusados e o incentivo à tomada de decisões à margem da lei, como o justiçamento. A soma dos equívocos seria impeditivo à prática adequada do jornalismo.
Com seis anos à frente do último programa, Sikera Jr. conhece as implicações públicas da função, mas nega ter encontrado entraves:
Qual o limite para polêmicas na TV?