O erotismo na indústria audiovisual costuma ser retratado sob um prisma masculino, na maioria das vezes. Em filmes ou séries com cenas de sexo, prevalece um certo protagonismo do homem, no qual o foco do prazer é a satisfação dele. Desnude, nova série do GNT que estreia nesta segunda-feira, às 23h30, trilha o caminho oposto. Na plataforma digital do canal de TV por assinatura, os dois capítulos iniciais estarão disponíveis para não assinantes até o dia 12. Em dez episódios exibidos diariamente - sendo o último documental -, a produção de antologia dirigida por Carolina Jabor (Boa sorte) e Anne Pinheiro Guimarães aborda os desejos e fantasias sob a ótica feminina.
Para que a atração ficasse o mais próximo da realidade possível, a equipe foi quase 100% composta por mulheres. O ator Eduardo Moscovis é um dos únicos do sexo masculino no elenco. Da parte técnica, só um eletricista era homem. O canal de TV por assinatura realizou uma pesquisa, ao lado da produtora Conspiração, que aponta que 76% das questionadas disseram que consomem conteúdo audiovisual sensual no qual a mulher é protagonista. Por outro lado, 82% delas afirmaram que não se sentem representadas na abordagem.
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O diferencial de Desnude é apresentar um ponto de vista no qual as mulheres são colocadas como protagonistas em um gênero em que geralmente estão como coadjuvantes. A recifense Clarice Falcão protagoniza o episódio Indomável, no qual vive uma editora de livros que envia mensagens anônimas de teor erótico para um colega do trabalho. Ainda no elenco, Laura Neiva, Claudia Ohana, Pathy de Jesus, Rafaela Mandelli, Isabel Fillardis, Clarice Falcão, Paula Burlamaqui, Bella Camero e Luciana Paes.
Como foco ou não da narrativa, a liberdade sexual da mulher já transitou em outras séries. Embora não seja erótica, Orange is the new black ignora tabus ao retratar o prazer feminino com naturalidade. No dia a dia das prisioneiras, mostra cenas de masturbação, sexo oral entre mulheres e homem. Embora não seja o centro da trama, o prazer feminino preenche trechos importantes do seriado.
Com seis temporadas, Sex and the city protagonizou certo pioneirismo na televisão ao acompanhar as experiências de relacionamentos do quarteto de amigas. Exibida na HBO entre 1998 e 2004, a obra narra a história de personagens como a empoderada Samantha (Kim Cattrall), que fazia sexo sem compromisso, por puro prazer e liberdade, sem a romantização do ato. Ainda na abordagem feminina que foge do óbvio, a protagonista Carrie, incorporada por Sarah Jessica Parker, casou, mas não queria ter filhos, mais uma quebra de paradigma do retrato feminino na televisão.
>> Entrevista Carolina Jabor // diretora