Quer receber notícias sobre cultura via WhatsApp? Mande uma mensagem com seu nome para (81) 99113-8273 e se cadastre
Recém-publicado pela Nova Fronteira, Romance de Dom Pantero no palco dos pecadores (1.012 páginas, R$ 189,90) é dividido em dois volumes: O jumento sedutor e O palhaço tetrafônico. Escrito, ilustrado e reescrito nos últimos 33 anos de vida do poeta paraibano, ostenta fôlego proustiano, engenhosidade linguística rosiana e estética armorial, com ilustrações inspiradas em arte rupestre.
Em uma narrativa marcada pela polifonia, o dramaturgo combina vozes de um sem-número de personagens, muitos deles inspirados em figuras reais. O principal deles é Pantero (ou Antonio Savreda), cuja ambição é conquistar a glória literária. Esse revezamento de criaturas, muitas delas já pertencentes ao universo de Suassuna, dá-se por meio de uma combinação de gêneros literários.
“É um formato bem peculiar. Ariano achou uma forma nova, inexplorada no mundo, mas usando elementos da cultura popular brasileira. O livro todo é um espetáculo de circo, com elementos do teatro e cartas transformadas em monólogos. De certa forma, até lembra algo de Auto da Compadecida, quando o palhaço anuncia a estrutura da peça”, compara o escritor Raimundo Carrero, desde muito seguidor de Ariano e autor de um dos textos de contracapa.
Para ele, Suassuna de fato se apoiou na própria vida para construir o romance. “É uma autobiografia no sentido de revisão da obra, revisão do seu espírito de escritor e dos temas da vida pessoal. Nela, vemos a consolidação da estética armorial e vemos os movimentos de cultura popular sendo levados para a literatura e para a cultura erudita”, completa.