Viver

Blade Runner 2049 se equipara ao original. Confira a crítica e entrevista com Jared Leto

Ator revelou ao Viver que novas sequências poderão ser feitas, a depender do sucesso do revival

Expressão contida na atuação de Ryan Gosling casa bem com o papel do sisudo policial K. Foto: Sony Pictures/Divulgação


Denis Villeneuve já se provou hábil com ficção científica no ótimo A chegada (2016) e reafirma a vocação em seu novo trabalho. O cineasta, aliás, tem mais uma incursão pelo gênero programada: no início do ano, foi anunciado como diretor da nova versão cinematográfica de Duna, baseada na série de livros de Frank Herbert e adaptada anteriormente por David Lynch.

Situada três décadas após os acontecimentos do primeiro filme, a história escrita por Hampton Fancher, roteirista do longa anterior, tem como protagonista um novo personagem, o policial K (Ryan Gosling). O agente, um blade runner, profissional responsável por dar cabo dos replicantes, criaturas idênticas a humanos criadas a partir de engenharia genética. Concebidos como mão de obra a ser explorada em tarefas árduas, os seres são uma espécie de escravos modernos e parte deles acabou se rebelando, o que motivou a ordem de extermínio desses androides.

A premissa é praticamente a mesma da produção original, com a diferença de que o caçador de replicantes era Deckard (Harrison Ford). O longa dirigido por Villeneuve, no entanto, não se limita a reprisar o mote do filme oitentista, por sua vez inspirado no romance Androides sonham com ovelhas elétricas? (Aleph, 336 páginas, R$ 79,90), de Philip K. Dick (1928 -1982). Em uma missão aparentemente corriqueira, o novo personagem central esbarra em um segredo relacionado a Deckard e sai em busca do antigo caçador de androides, desaparecido há três décadas.

Para ficar mais convincente no papel, Leto usou lentes de contato opacas no set e ficou sem enxergar. Foto: Sony Pictures/Divulgação

Outro elemento novo, e importante, da continuação é o cientista/empresário Niander Wallace (Jared Leto). Figura à frente da Tyrell Corporation, companhia que idealizou os primeiros replicantes, o personagem de Leto é o responsável pela nova geração dos seres e sinaliza motivações pouco nobres na empreitada. Sendo o próprio K um replicante moderno e, aparentemente, aperfeiçoado para não ser capaz de rebelar-se, a nova trama volta a questionar definições sobre humanidade e livre-arbítrio.

 

Blade runner passou longe de ser sucesso de bilheteria ou unanimidade de crítica à época do lançamento, em 1982, mas alçou status de clássico moderno. Com o universo e nome muito bem-estabelecidos, a nova produção deve se sair melhor comercialmente e tem potencial para adquirir o mesmo tipo de áurea mítica.

Visualmente impecável, Blade runner 2049 recria com apuro a estética estabelecida no primeiro filme, mas com os recursos digitais de hoje. Sombria e tecnológica, a Los Angeles futurista é mais vívida e impressionante nesta versão, embora igualmente familiar. A nova trilha sonora, de Benjamin Wallfisch e Hans Zimmer, remete bem ao clima soturno dos temas instrumentais originais, de Vangelis. Ryan Gosling entrega um protagonista diferente o bastante de Deckard. A falta de expressão do ator, às vezes problemática em certos papéis, casa bem com o personagem. Sylvia Hoeks, como a replicante Luv, se sai uma interessante antagonista ao lado de Leto, também ótimo no papel de vilão. Destaque também para Ana de Armas como Joi, inteligência artificial e interesse amoroso de K.

Injusta mas difícil de evitar, a comparação entre os filmes é, de fato, infrutífera. No entanto, Blade runner 2049 está, no mínimo, no mesmo patamar do filme original. E isso é um tremendo elogio. 

*O repórter viajou a convite da Sony Pictures

Acompanhe o Viver no Facebook:

[VIDEO2]

Leia a notícia no Diario de Pernambuco
Loading ...