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Escritores e historiadores dizem ter sido enganados por equipe do History Channel
Produtores do documentário Guia Politicamente Incorreto distorceram depoimentos

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Segundo o jornalista e biógrafo Lira Neto, a produtora Studio Fly, responsável pelas entrevistas, não informou corretamente os entrevistados sobre o teor do programa. "O sentimento é de que fui ludibriado. Ninguém me informou antes, durante ou logo após a entrevista qual era a inspiração do programa. Cometi um erro. Assinei uma autorização de direito de imagem, sem ler, como de praxe, confiando na boa-fé do entrevistador", contestou Neto, em texto publicado no Facebook.
"Sinto-me violentado em fazer parte de qualquer produção que recorra à superficialidade e ao polemismo fácil. Neste momento em que se confunde jornalismo com entretenimento, bravata com reflexão, inconsistência com leveza, creio que seja necessário reafirmar o compromisso com a responsabilidade e o rigor da pesquisa histórica", continuou na publicação. "Fiquei pasmo quando o entrevistador, Matheus Ruas, da produtora Fly, pediu-me explicitamente para responder às questões como se, do outro lado da lente, sentado na poltrona, estivesse o Homer Simpson", declarou Lira Neto, que disse ter recebido a visita da equipe do History Channel em sua residência, no dia 2 de fevereiro, para o que seria "uma série sobre a história do Brasil".
Em seguida, autores como Laurentino Gomes, Lili Schwarcz e Mary Del Priore também contestaram a abordagem da equipe responsável e pediram a retirada de seus depoimentos da produção. "O problema é que, além de discordarmos de algumas abordagens da série, também nos sentimos enganados pela forma como a série foi produzida. Parece-me que a coisa nasceu e cresceu torta, desde o começo", escreveu Laurentino, em esclarecimento no Facebook.
Em nova publicação, nesta segunda-feira (23), Lira Neto afirmou ter entrado em contato com o diretor da série, Matheus Rocha, que reconheceu o erro ético. "Para remediar a barbaridade, comprometeu-se a retirar minha participação dos episódios, bem como eliminar qualquer menção a meu nome no material de divulgação". "Falei também com o próprio Leandro Narloch, que se disse 'revoltado' com o procedimento do entrevistador, considerou o fato 'lamentável', pediu-me desculpas e disse que escreverá pessoalmente a todos os atingidos", comunicou o historiador.
Laurentino Gomes também informou ter recebido um telefonema da produtora responsável, pedindo desculpas pelo ocorrido. "Fiquei satisfeito com a explicação do Leandro Narloch. Acho que não houve má fé dele e do Canal History. Só amadorismo e ingenuidade da produtora", comentou no Twitter.
Autor dos livros Guia politicamente incorreto, que originou a série, Narloch se pronunciou através de comunicado. "Fiquei muito triste ao saber disso, mas entendo a queixa dos entrevistados e concordo com o pedido. Quem participa precisa saber do que está participando. O entrevistado tem todo o direito de saber com quem está conversando e qual o objetivo da entrevista – não só para decidir se aceita falar, mas para moderar suas opiniões", observou o jornalista.
"Eu imaginava, é claro, que todos os 55 entrevistados sabiam qual era o objetivo das entrevistas. Até porque a entrevista exige aprovação formal, que todos os entrevistados assinaram. Como há alguns anos eu insisto em livros e artigos, há verdades que precisam ser ditas. Pedi ao History para acatar o pedido dos entrevistados e retirar os trechos em que aparecem. É uma pena, pois sem as declarações deles o debate empobrece. Apesar dessa mancada, a produtora fez um programa ótimo e acredito que conseguirá reeditar os episódios mantendo a série rica e divertida", afirmou.
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